Relembre o caso Celso Daniel: prefeito de Santo André foi assassinado em 2002

Político foi encontrado com onze tiros em uma estrada de Juquitiba em 2002; polícia não viu motivação política e classificou o caso como um crime comum

Foto: AGENCIA O GLOBO/
Celso Daniel

Em 20 de janeiro de 2002, o corpo do então prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), no ABC Paulista, foi encontrado com onze tiros em uma estrada de Juquitiba, na região metropolitana de São Paulo. Na manhã desta sexta-feira (25), um depoimento do empresário Marcos Valério ao Ministério Público, divulgado pela revista Vejaacusa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ser o mandante do assassinato. 

A motivação do crime, segundo Valério , era o fato de que Celso Daniel se comprometeu a pagar pela caravana de Lula durante campanha no Brasil, mas não quis envolver a prefeitura de Santo André em casos de corrupção que só serviriam para enriquecimento pessoal do grupo. A investigação da polícia, no entanto, concluiu na época que o caso se tratava de um crime comum, sem motivação política. Relembre: 

Sequestro 

No dia 18 de janeiro de 2002, Celso Daniel saiu de uma churrascaria no bairro dos Jardins, zona sul de São Paulo, em um Mitsubishi Pajero blindado dirigido por seu empresário e ex-segurança Sérgio Gomes da Silva, conhecido como "Sombra".

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Quando passavam pela Rua Antônio Bezerra, no Sacomã, sete homens fecharam o carro e atiraram contra os pneus e vidros. Sombra afirma que, no momento dos disparos, o câmbio e a trava da veículo não funcionaram mais. Em seguida, os criminosos sequestraram o prefeito, deixando o motorista no local. 

Crime "por engano"

Segundo o relatório final do inquérito, concluído em 1 de abril de 2002, os criminosos sequestraram Celso Daniel por acaso após perderem de vista o verdadeiro alvo, supostamente um empresário. Assim, um dos líderes da quadrilha, Ivan Rodrigues da Silva, conhecido como "Monstro", teria pedido que o grupo fosse atrás do primeiro carro importado que encontrassem, que acabou sendo o do prefeito. 

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De acordo com a polícia, Monstro, e os outros criminosos, Dionísio de Aquino Severo,  Rodolfo Rodrigo de Souza Oliveira, o Bozinho, José Édson da Silva, Itamar Messias Silva dos Santos, Marcos Roberto Bispo dos Santos, conhecido como Marquinhos, e Elcyd Oliveira Brito, o John, descobriram pela imprensa que o sequestrado era o prefeito de Santo André e desistiram do crime. 

Monstro teria pedido a Édson que a vítima fosse "dispensada". O criminoso, no entanto, entendeu que deveria matar o prefeito, e não liberá-lo. Foi então que ele teria contratado Laércio dos Santos Nunes, o Lalo, na época com 16 anos, para realizar os disparos. Édson afirmou à polícia, na época, que mandou matar Celso Daniel pois ele havia olhado para o seu rosto. 

Hipóteses

A polícia concluiu que o caso tratava-se de um crime comum. O Ministério Público, no entanto, contradisse a versão e afirmouque o assassinato teve motivação política,  por conta de um esquema de desvios na prefeitura de Santo André.

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Para a Promotoria, o motorista de Celso Daniel, Sombra, teria mandado matar o prefeito após ele ter ameaçado colocar fim em um suposto esquema de corrupção no setor de transportes da cidade. O irmão de Celso Daniel, João Francisco, afirmou na época que o esquema teria alimentado campanhas do PT