O indicado para comandar a Procuradoria-Geral da República (PGR) Augusto Aras fez reuniões na manhã desta quinta-feira com procuradores cotados para assumirem cargos em sua gestão, dentre eles Guilherme Schelb, que é crítico da chamada "ideologia de gênero" e defende o projeto Escola Sem Partido, que impõe regras para comportamentos dos professores em salas de aula e a abordagem de assuntos como educação sexual e gênero.
Leia também: Aras diz que alertou Bolsonaro: "O senhor não vai poder mandar, desmandar"
A atuação de Guilherme Schelb como procurador já foi alvo de polêmicas. No mês passado, a Justiça Federal condenou a União a indenizar em R$ 100 mil o ex-secretário-geral do governo Fernando Henrique Cardoso, Eduardo Jorge Caldas Pereira, sob o argumento de que ele foi "perseguido" e alvo de informações lesivas à sua honra divulgadas por Schelb e pelo procurador Luiz Francisco, que conduziam investigações sobre Eduardo Jorge, posteriormente arquivadas. Os procuradores não chegaram a ser condenados nesse caso.
Aras também conversou com o procurador Ailton Benedito, que havia sido indicado pelo governo Bolsonaro para participar da Comissão de Mortos e Desaparecidos mas foi vetado pelo Conselho Superior do Ministério Público Federal . O indicado para a PGR recebeu ainda a procuradora Thamea Danelon, que já coordenou a força-tarefa da Lava Jato em São Paulo e está cotada para assumir o grupo de trabalho da Lava-Jato na PGR. As reuniões ocorreram separadamente, no gabinete de Aras na PGR.
Ainda não há cargos definidos para Schelb e Ailton dentro da nova gestão da PGR, mas o assunto está sendo estudado por Aras e pelos procuradores. Schelb é procurador regional e chegou a ser cotado para o cargo de ministro da Educação de Bolsonaro, por ter posições ideológicas alinhadas à do governo.