Interino, Mourão diz que só tomará decisões se "ocorrer alguma emergência"
Presidente em exercício afirmou que não cabe a ele, como vice-presidente, se opor publicamente a Bolsonaro: "não compete a mim tecer críticas públicas"
O presidente em exercício Hamilton Mourão negou nesta segunda-feira que tenha adotado um perfil mais discreto do que no início do ano e afirmou que não cabe a ele, como vice-presidente, se opor publicamente ao presidente Jair Bolsonaro . Mourão assumiu a Presidência devido à cirurgia a qual Bolsonaro foi submetido no domingo em São Paulo, e a previsão é que fique no cargo até quinta-feira (12).
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"Não mudou nada. Eu acho que uma coisa vocês têm que entender, não sei se com intenção ou não, (há) uma tentativa de colocar aí eu e o presidente em polos opostos. Não é isso, eu sou vice-presidente do presidente Bolsonaro. Então, não compete a mim tecer críticas públicas ao presidente. Qualquer coisa que eu tiver que falar, eu falo para ele e não publicamente. Eu acho que só isso que tem que ser entendido", disse Mourão , ao deixar o Palácio do Planalto.
De acordo com Mourão, salvo em caso de emergência, não há perspectiva de nenhuma decisão importante durante sua interinidade: "não temos nenhuma perspectiva, não tem nenhuma votação importante ocorrendo aí, não tem nenhuma decisão importante a ser tomada nesses próximos dias. Pode aguardar tranquilamente o retorno do presidente. Só se ocorrer alguma emergência, que a gente nunca sabe".
Mourão já assumiu o governo oito vezes, durante viagens ao exterior de Bolsonaro . Em janeiro, assumiu também quando o presidente se submeteu à uma cirurgia para a retirada da bolsa de colostomia.
Desde a época da campanha , Mourão era criticado pelo entorno de Bolsonaro por suas declarações consideradas opostas às opiniões do presidente. Em julho, Bolsonaro, em tom de brincadeira, deu "parabéns" ao vice por estar "há uma semana" sem falar com a imprensa.
No início do governo, Mourão dava declarações quase diárias a jornalistas que aguardavam sua chegada e saída em frente ao seu gabinete. O próprio vice admitiu que o pedido para “diminuir um pouco a exposição” partiu de Bolsonaro. A declaração foi dada em entrevista publicada pela revista “Crusoé” em julho. Segundo Mourão, o presidente também lhe recomendou manter um “perfil moderado nas coisas."
O presidente em exercício visitou Bolsonaro, na tarde desta segunda, no Hospital Vila Nova Star, na zona sul da capital paulista. Ele disse que aproveitou que estava na cidade para fazer uma visita de "cortesia" e relatou que Bolsonaro está "muito bem".
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"Foi rápida porque o presidente , pelo tipo de cirurgia, não pode ficar falando muito tempo. Foi única e exclusivamente, uma vez que tinha ido a São Paulo para abertura da reunião do Conselho Empresarial Brasil-China, uma cortesia, "Oi, tudo bem?", e fui embora. O presidente está muito bem. Nunca esteve tão bem assim em pós-cirúrgico. Acho que ele está ótimo e vamos esperar que até o final da semana ele já possa repousar em casa", disse.
Segundo Mourão , Bolsonaro "com certeza" irá na abertura da Assembleia-Geral da ONU, em 24 de setembro: "Com certeza. Não tem problema, ele vai. Ele vai à ONU".