Caso premeditado? Flordelis já sabia da morte do pastor antes de ser informada
Em depoimento, deputada disse que recebeu informação por meio de um dos filhos; porém, ele afirmou que não teve contato com a mãe após o crime
Depoimentos do inquérito que apura a morte do pastor Anderson do Carmo revelam que logo após ter ouvido barulhos de tiros, a deputada federal e mulher da vítima, Flordelis dos Santos, afirmou que o marido havia sido baleado, mesmo sem ter recebido informações diretas sobre o que havia acontecido na garagem da casa. Em seus dois depoimentos na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo - nos dias 16 e 24 de junho -, a parlamentar contou aos policiais que estava no terceiro andar da residência quando escutou os disparos que atingiram o marido.
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No segundo depoimento que deu à polícia, Flordelis afirmou que conversava com o neto Ramon quando ouviu o barulho de quatro disparos de arma de fogo, seguidos por outros dois. Ela afirma que um de seus filhos afetivos (que nunca foi formalmente adotado), André Luiz, lhe disse que Anderson estava caído de bruços. Ainda de acordo com a parlamentrar, ao ouvir os tiros, ela foi até o quarto de outras duas filhas, ambas adotivas, Isabel e Annabel.
Em seus dois depoimentos à polícia, André contradiz a mãe e não cita ter informado a ela o que havia acontecido com Anderson. No segundo depoimento, ele frisa, inclusive, que não chegou a entrar na residência principal e foi direto do seu quarto para a garagem, onde o pastor foi baleado, após ter ouvido os disparos. O dormitório de André fica numa construção independente. A própria Flordelis afirmou, em entrevista coletiva à imprensa coletiva concedida em 25 de junho, nove dias após o crime, que naquele momento ela ainda não sabia o que estava acontecendo.
Ramon, em seu depoimento, confirmou que estava com Flordelis em seu quarto quando ambos ouviram os tiros. Ele não relata, no entanto, que ambos tenham sido informados sobre o que havia acontecido na casa. O jovem cita, inclusive, que chegou a ir até a janela do banheiro do quarto, mas não viu nada de anormal. Em seguida, sua tia Tayane entrou e perguntou o que estava acontecendo. Segundo Ramon, Flordelis saiu do quarto e começou a dizer “Foi meu Niel” (apelido de Anderson ).
O neto de Flordelis narra que conseguiu descer para ver o que havia acontecido e cruzou com o tio, Daniel, na escada. Em seu depoimento à polícia , Daniel conta que, nesse momento, subiu as escadas para procurar Flordelis. Ao chegar no terceiro andar, ouviu a mãe gritando “mataram meu marido”. Ainda de acordo com o relato do rapaz, Flordelis tentava abrir a porta do quarto de suas filhas, Isabel e Annabel.
Em seu depoimento, Annabel conta que a mãe batia na porta de seu quarto afirmando que tinham atirado no pastor . “Seu pai , seu pai. Acho que atiraram no seu pai”, disse a pastora. Isabel também disse à polícia lembrar da mãe dizendo, ao entrar em seu quarto, “Isa, seu pai. É seu pai”.
A própria Flordelis, em seu primeiro depoimento à polícia, no dia do crime , omitiu a informação relatada em seu segundo depoimento de que André foi até ela dizer o que havia acontecido. A parlamentar narra ter ouvido os disparos e ficou alguns minutos no quarto com Ramon , “Como Anderson não chegou, passou a pensar no pior”, narrou a pastora em depoimento.
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Uma das netas de Flordelis , Rafaela, irmã de Ramon, deu uma versão diferente sobre o momento em que Anderson foi baleado. A jovem relatou à polícia ter sido acordada pelo barulho dos disparos. Segundo ela, Flordelis foi para o quarto que ela divide com o irmão Ramon e disse: O Nem (apelido de Anderson) e alguém está lá embaixo. Alguém vai subir, alguém entrou na nossa casa. Rafaela contou também que depois dos tiros, trancou a porta do quarto e quando os disparos pararam, três tios seus subiram até o dormitório.