Antes do Roda-Viva, Salles confirma que governo foi avisado sobre queimadas
Ministro do Meio Ambiente disse que país está “de braços abertos” para receber ajuda estrangeira; ele concedeu entrevista à rádio Jovem Pan
Por iG Último Segundo |
26/08/2019 13:16:52O ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, confirmou na manhã desta segunda-feira (26) que o Ibama havia recebido informações prévias sobre a intenção de se atear fogo em parte da floresta Amazônica. Em meio à crise ambiental provocada pelas queimadas na região da Amazônia e antes de sua participação no programa Roda-Viva da TV Cultura ir ao ar, Ricardo Salles foi entrevistado pela rádio Jovem Pan .
Segundo Ricardo Salles , dois dias antes do que ficou conhecido como “Dia do Fogo”, há registrado um protocolo do Ministério Público Federal no Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais). O Ibama, por sua vez, pediu apoio para a Polícia e a Força Nacional, mas recebeu negativas. “O Ibama cumpriu o seu papel naquele momento, que era recebendo uma informação de potencial crime, repassou para as autoridades competentes agirem. Nenhum das duas agiu”, disse Salles.
Ainda sobre esse tema, o ministro disse que Bolsonaro determinou a investigação de responsabilidade e classificou a atitude como “absolutamente correta”. “Para nós não interessa quem foi o responsável, se foi grileiro, pecuarista, funcionário, não interessa. Vai ter que ser responsabilizado por esse crime ”, disse.
Na entrevista, Salles também afirmou que o governo receberá “de braços abertos” ajuda logística enviada por outros países. O Reino Unido e Israel já ofereceram ajudar o Brasil a combater as queimadas na Amazônia . Bolsonaro anunciou que vai receber uma aeronave especializada de Israel .
Ele também ressaltou que o volume de queimadas em 2019 não é atípico. Segundo o ministro, esta época do ano é mais quente e mais seca e, por isso, é normal que aconteçam incêndios como o de agora. Ele disse ainda que o ano de 2018 foi mais chuvoso do que o normal, o que provocou a queda na quantidade de queimadas. “Na média dos últimos 15 anos, o volume de queimadas de 2019, está dentro da média”, apontou. “Isso não quer dizer que a gente não deva combater as queimadas”, pontuou.
Perguntado sobre o Fundo Amazônia , o ministro do Meio Ambiente afirmou que “é uma bravata dizer que a suspensão do Fundo Amazônia ia atrapalhar qualquer desempenho nesse momento.” Ele disse ainda que “o Fundo Amazônia está sendo usado do jeito que foi proposto” e que tem saldo superior a R$ 1 bilhão em conta.
Suspensão do Partido Novo
Nos últimos dias, parte dos membros do Partido Novo, ao qual o ministro Ricardo Salles é filiado, tem se oposto às posições do ministro e do governo. O deputado estadual do Rio de Janeiro Chicão Bulhões, junto com outros dois filiados, entraram com pedido de suspensão de Salles do Novo por, segundo ele, uma atuação irresponsável do ministro.
“Estou absolutamente tranquilo com isso”, disse o ministro sobre a possível suspensão. “Eu tenho o entendimento que nós estamos agindo da forma mais correta, fundamentada com objetivos claros de preservação do meio ambiente e também da racionalidade”, afirmou ao se defender.
Atritos com Macron
Na entrevista, Salles também foi questionado sobre os posicionamentos de Bolsonaro em relação ao presidente da França, Emmanuel Macron . Os dois têm trocado farpas pelas redes sociais nos últimos dias, após Macron lamentar a situação na Amazônia e anunciar que ela seria discutida em uma reunião do G7.
“Ele está com a popularidade fraca lá na França e está querendo alavancar na França e na Europa às custas do Brasil, ou seja, um oportunismo absoluto”, definiu Ricardo Salles . Bolsonaro foi especialmente criticado após concordar com um internauta que insinuou que as discordâncias entre os dois se dão porque a esposa de Macron seria mais feia que a primeira-dama Michelle Bolsonaro. “A resposta vai na mesma medida, ele chamou o presidente de mentiroso”, disse Salles.