Doria volta a defender saída de Aécio do PSDB na véspera de decisão do partido

Governador de São Paulo disse que Aécio Neves pode formular a defesa fora do PSDB. Presidente nacional do partido, Bruno Araújo desconversou

Deputado federal Aécio Neves (MG) deve deixar o PSDB, defende governador de São Paulo, João Doria
Foto: Divulgação/PSDB na Câmara
Deputado federal Aécio Neves (MG) deve deixar o PSDB, defende governador de São Paulo, João Doria

Na véspera da decisão da Executiva Nacional do PSDB sobre o encaminhamento da representação contra Aécio Neves (MG), o governador de São Paulo, João Doria , defendeu, nesta terça-feira (20), a desfiliação do deputado federal.

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"A meu ver, o deputado Aécio Neves tem todo o direito a formular sua defesa, na plenitude, confiante na sua inocência, confiante também na Justiça, mas pode fazê-lo fora do PSDB", disse Doria, ao ser questionado sobre o futuro do ex-presidenciável.

O governador participou do primeiro encontro do deputado federal Alexandre Frota (SP) com a bancada do PSDB na Câmara dos Deputados.

Amanhã, a Executiva Nacional tucana se reúne em Brasília. Entre as pautas, está representação contra Aécio feita pelo diretório municipal do partido em São Paulo. Aécio é investigado em inquéritos da Lava Jato. Acusado de corrupção passiva e obstrução de Justiça, é réu em um processo.

Integrante da Executiva, o deputado federal Celso Sabino (PA) apresentará seu relatório sobre a representação. Nessa etapa, não é analisado o mérito do pedido, mas apenas se ele cumpriu os requisitos para ser formalizado.

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Sabino não quis antecipar seu parecer. Questionado sobre ser apontado como aliado de Aécio, ele diz que é deputado de primeiro mandato e da bancada do Pará e, por isso, não tem forte ligação com o mineiro.

"Sou aliado de todos os membros da bancada. Se o fato de não ter inimigo, é considerado ser aliado... Sou do Pará e estou no meu primeiro mandato. Não tinha contato com ele", alegou.

O relatório do deputado será analisado pela Executiva. Caso seja pelo prosseguimento da representação e seja aprovado, o processo segue para o Conselho de Ética. Nesse âmbito, há uma tramitação de pelo menos 45 dias.

Há uma pressão interna para que o próprio Aécio se afaste voluntariamente do partido. Para defensores dessa saída, isso minimizaria o desgaste e constrangimento para o PSDB e o deputado. Questionado sobre o assunto, via assessoria de imprensa, Aécio ainda não retornou à reportagem.

A defesa de Doria pela saída de Aécio tem peso. Isso porque o governador assumiu, nos bastidores, o comando da legenda. Em maio, ele conseguiu eleger seu aliado, o ex-deputado Bruno Araújo (PE), presidente do PSDB.

Também presente no evento de Frota, Araújo evitou se posicionar sobre uma eventual expulsão de Aécio.

"Cabe a mim como presidente, presidir um processo com absoluta imparcialidade. Há uma representação apresentada pela municipal de São Paulo; ontem, a estadual apresentou outra representação; chegou também nova menção do Rio Grande do Sul. Amanhã, o partido vai analisar a admissibilidade do processo e começa a discutir o caso internamente", afirmou.

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Questionado se conversou com Aécio , Araújo também desconversou. "Tenho conversado com todo partido. Há um processo em construção", acrescentou.