Gilmar Mendes diz que suspensão de ação da Lava Jato serve apenas para um réu

Ministro do STF paralisou ação após presidente do supremo suspender investigações com dados do Coaf usados sem autorização judicial

Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes
Foto: Eliave Neve Neves/Fotoarena/Agência O Globo - 9.8.19
Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes

Em nova decisão proferida nesta sexta-feira (16), o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), esclareceu que a suspensão da ação penal da Operação C´Est Fini ,
um dos desdobramentos da Lava Jato no Rio de Janeiro, é válida somente para o réu Lineu Castilho Martins, ex-chefe de gabinete da Fundação Departamento de Estradas de Rodagem do Rio de Janeiro (DER-RJ).

No novo despacho, Gilmar Mendes esclarece que, apesar de ter determinado a suspensão da ação penal, na qual figuram outros réus, como o ex-governador do Rio Sergio Cabral, a
ordem deve produzir efeito somente para Lineu Castilho Martins, uma vez que foi ele quem acionou o Supremo.

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Martins foi o autor da reclamação do Supremo contra o compartilhamento com o Ministério Público Federal (MPF) de um Relatório de Inteligência Financeira (RIF) produzido pelo
Conselho de Controle de Controle de Atividades Financeiras ( Coaf ) sobre ele.

O processo ficará suspenso até que o Supremo se pronuncie sobre as investigações com dados do Coaf. O caso será julgado no plenário no dia 21 de novembro. Em meados de julho, o
presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, determinou a suspensão de todos os processos judiciais em que dados bancários de investigados tenham sido compartilhados por órgãos de controle sem autorização prévia do Poder Judiciário. A decisão foi dada em resposta a um pedido do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).

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Gilmar Mendes determinou que seja comunicada com urgência ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, a permissão para o prosseguimento normal das partes
relativas aos demais réus na ação penal resultante da Operação C´Est Fini. Martins é apontado como operador financeiro num esquema de desvios de verbas do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem do Rio de Janeiro (DER-RJ), alvo da C´Est Fini, operação deflagrada em novembro de 2017.