Os dois filhos de pastora e deputada federal Flordelis dos Santos de Souza (PSD-RJ) estão dividindo a mesma cela na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona
Norte do Rio, para onde foram levados nessa quinta-feira (15). Flávio dos Santos Rodrigues e Lucas Cézar dos Santos de Souza
, que são acusados de participação na morte do pastor
Anderson do Carmo de Souza, estão isolados dos demais presos. Na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo, onde ficaram por quase dois meses, os dois irmãos foram
mantidos separados e permaneciam em diferentes carceragens.
Lucas e Flávio foram mantidos na DH por ordem judicial. A pedido da Polícia Civil, a 3ª Vara Criminal de Niterói autorizou que os dois permanecessem na unidade policial até o
fim das investigações. Na última quarta-feira (14), o inquérito foi concluído e os dois, indiciados por homicídio qualificado (motivo torpe). No dia seguinte, eles foram
transferidos. A cadeia pública José Frederico Marques é considerada a porta de entrada do sistema prisional do Rio. No fim de semana, a previsão é de que ambos os filhos de
Flordelis sejam levados para outra unidade prisional.
Nessa quinta-feira, Lucas e Flávio foram denunciados pelo Ministério Público estadual do Rio por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e com recurso
que impossibilitou a defesa da vítima). Flávio também foi denunciado por posse de arma de fogo de uso restrito. O MP pediu a prisão preventiva de ambos. O caso agora segue para
a 3ª Vara Criminal de Niterói. Se a Justiça aceitar a denúncia contra os dois, eles passam a ser réus no processo criminal.
De acordo com a investigação, Flávio atirou contra o pastor e Lucas ajudou o irmão a comprar a pistola usada no crime. Ele afirma à polícia que não sabia que a arma seria usada
para executar o pastor. Nesta sexta-feira, a morte do pastor Anderson completa dois meses.
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O inquérito foi desmembrado e a DH continuará investigando a participação de outras pessoas no crime, entre elas Flordelis. Em coletiva de imprensa realizada nessa quinta-feira,
a delegada titular da DH Niterói, Bárbara Lomba, não descartou a participação da deputada na morte de seu marido.
"O crime foi cometido em um ambiente familiar e há outros envolvidos (além de Flávio e Lucas) e há uma motivação final", disse Bárbara. "O contexto todo da família está sendo
investigado. E a deputada faz parte da família" afirmou a delegada.
Bárbara revelou ainda que a polícia acredita que a motivação do crime esteja relacionada à questão financeira. "De uma forma geral, o que há nesta altura da investigação é que a
motivação seria por razões financeiras, de administração de bens. Então, isso seria uma das linhas. Então, uma das qualificadoras do crime seria por motivo torpe por essa
razão", disse ela.
Em um de seus depoimentos à Polícia Civil, Lucas, que é filho adotivo de Anderson e Flordelis, afirmou que, três meses antes do crime, recebeu mensagens enviadas do celular da
própria mãe pedindo que ele matasse o pai. O rapaz relata ainda que era comum várias pessoas na casa usarem o telefone da pastora. Lucas relatou aos agentes que horas após ter
recebido as mensagens, ligou para o telefone da mãe e soube que a pastora não estava em casa, pois a ligação não foi atendida por ela. O rapaz contou que esteve na residência da
família, no mesmo dia, e mostrou as mensagens para Flordelis, que ficou nervosa.
O filho da pastora também revelou que na véspera do dia em que recebeu as mensagens, uma de suas irmãs adotivas, Marzy, lhe procurou e ofereceu R$ 5 mil para que ele matasse
Anderson. De acordo com Lucas, no início da conversa, a irmã afirmou que Anderson estava insuportável e ninguém mais o suportava na casa. Lucas disse que se negou a fazer o que
a irmã lhe pediu e alegou que não tinha por que fazer nada contra Anderson, pois tudo que ele precisava, o pai lhe dava. Marzy Teixeira da Silva, de 35 anos, é uma das filhas
adotivas de Flordelis.
O rapaz também relatou que, na mesma época, foi chamado na casa da família, de madrugada, pela mesma irmã adotiva. A mulher o recebeu no portão, no lado de fora da casa, e perguntou se ele “faria” o Anderson. Nessa ocasião, Lucas afirma que a irmã lhe ofereceu R$ 5 mil e afirmou que ele poderia ficar com os relógios do pastor. Ele se recusou a cometer o crime e afirma ter ficado desesperado, com medo que o pastor fosse morto e ele, responsabilizado pelo crime. Lucas também afirmou aos policiais que o celular que utilizava na época e no qual recebeu as mensagens não era o mesmo que utilizava atualmente, antes de ser preso.
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Procurada, a assessoria de imprensa de Flordelis afirmou que ela e a filha não comentariam o depoimento de Lucas.