Editor do The Intercept debocha de suposta relação entre PCC e PT

"Qual é o indício? Que elementos há? O que se tem além da fala do tal Elias?", questionou Leandro Demori em seus perfis nas redes sociais; saiba mais

Editor do The Intercept debocha de suposta relação entre PCC e PT
Foto: Reprodução/Facebook
Editor do The Intercept debocha de suposta relação entre PCC e PT

Um dia após o divulgação de um áudio grampeado pela Polícia Federal revelar um tesoureiro da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) dizendo que a organização tinha um "diálogo cabuloso" com o PT, o jornalista Leandro Demori, editor do portal The Intercept Brasil , foi às redes sociais e colocou a informação em cheque.

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O Intercept  é o responsável pela divulgação das conversas vazadas do hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, quando era juiz da Lava Jato em Curitiba e de procuradores da força-tarefa da operação.

Em seu perfil do Twitter, Demori debochou da suposta relação entre o Partido dos Trabalhadores e o PCC, questionou a informação e afirmou que a divulgação dos áudios seria uma cortina de fumaça para tirar o foco dos vazamentos publicados pelo Intercept:

"Existe vínculo com o PT? Qual é o indício? Que elementos há? O que se tem além da fala do tal Elias? Como jornalista, eu gostaria muito de saber. Mas talvez se trate só de vazar uma frase solta pra desviar o foco da Vaza Jato mesmo", escreveu Demori .

Mais tarde, ele compartilhou uma entrevista com o promotor do Gaeco Lincoln Gakiya, que negou que existam evidências que apontem qualquer tipo de negociação entre PT e PCC .

Logo depois, ele voltou a debochar do conteúdo dos áudios interceptados pela Polícia Federal. "Marcola tem medo do Moro . É pra rir", escreveu. "É o cabuloso misterioso", comparou, em alusão ao perfil "Pavão Misterioso", que aponta uma suposta negociação entre o Intercept e hackers russos para conseguir invadir os celulares de autoridades.

Entenda o áudio que relaciona PT e PCC

A Polícia Federal grampeou, no âmbito da Operação Cravada, conversas entre membros da organização criminosa PCC. Os áudios obtidos pela investigação mostram um dos líderes da facção elogiando a abertura que o crime organizado tinha com o Partido dos Trabalhadores, logo após criticar a atuação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. 

"Os caras tão no começo do mandato dos cara, você acha que os cara já começou o mandato mexendo com nois irmão. Já mexendo diretamente com a cúpula, irmão", diz Alexsandro Roberto Pereira, conhecido como ‘Elias’. De acordo com a investigação, ele atua como espécie de "tesoureiro" do PCC e também participa da hierarquização da facção, sendo assim um dos líderes da organização.

"Com nois já não tem diálogo, não, mano. Se vocês estava tendo diálogo com outros, que tava na frente, com nois já não vai ter diálogo, não. Esse Moro aí, esse cara é um filha da puta, mano. Esse cara aí é um filha da puta mesmo, mano. Ele veio pra atrasar", continua Elias, criticando a falta de abertura do crime organizado com o ministro da Justiça e Segurança Pública.

Logo após criticar Moro, o criminoso faz comentários elogiosos sobre o suposto "diálogo" que a facção teria com o PT .  “Ele começou a atrasar quando foi pra cima do PT. Pra você ver, o PT com nois tinha diálogo. O PT tinha diálogo com nois cabuloso, mano, porque… situação que nem dá pra nois ficar conversado a caminhada aqui pelo telefone, mano. Mas o PT, ele tinha uma linha de diálogo com nois cabulosa, mano", explicou Elias, em conversa com  André Luiz de Oliveira, conhecido como "Salim.

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Em nota, o Partido dos Trabalhadores negou as acusações e aproveitou para atacar a Polícia Federal e o ministro Sergio Moro:

"Esta é mais uma armação como tantas outras forjadas contra o PT , e vem no momento em que a Polícia Federal está subordinada a um ministro acuado pela revelação de suas condutas criminosas. Quem dialogou e fez transações milionárias com criminosos confessos não foi o PT, foi o ex-juiz Sergio Moro, para montar uma farsa judicial contra o ex-presidente Lula com delações mentirosas e sem provas. É Moro que deve se explicar à Justiça e ao país pelas graves acusações que pesam contra ele", escreveu o partido.