"Cumpriram seu papel", diz presidente da OAB em apoio a excluídos de comissão
Filho de ex-militante desaparecido desde 1974, Felipe Santa Cruz manifestou solidariedade a integrantes trocados por Bolsonaro e Damares
Por Agência O Globo |
01/08/2019 10:35:25Filho do perseguido políticoFernando Santa Cruz , que teve a certidão de óbito emitida pela Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, na semana passada, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, manifestou solidariedade aos integrantes excluídos do órgão em decreto do governo de Jair Bolsonaro.
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"Hoje foram afastados integrantes da comissão que há anos tenta dar respostas a pessoas sofridas como minha querida avó. Minha solidariedade aos que deixam tão relevante missão, com a certeza de que cumpriram seu papel", escreveu o presidente da OAB no Twitter.
Na postagem no Twitter, Felipe Santa Cruz lembrou a avó, Elzita Santa Cruz, que morreu aos 105 anos , em junho, sem ter notícias do filho Fernando. Desde 1974, quando o então estudante de Direito desapareceu no Rio de Janeiro, ela buscava notícias em cartas a ministros, apelos a generais e súplicas a presidentes.
Na mesma semana em que fez ironias sobre a morte de Fernando Santa Cruz durante a ditadura , Bolsonaro decidiu trocar quatro dos sete membros da comissão e colocar no lugar militares e integrantes do PSL.
O órgão havia emitido , em 24 de julho, um atestado de óbito que contrastava com a versão paralela do presidente para o desaparecimento de Fernando Santa Cruz. O documento afirma que o estudante "faleceu provavelmente no dia 23 de fevereiro de 1974, no Rio de Janeiro/RJ, em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição sistemática e generalizada à população identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985".
Ao deixar o Palácio do Planalto nesta quinta-feira, Bolsonaro disse que a mudança reflete a orientação política de seu governo. "Agora o presidente é de direita", afirmou.
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Em nota, a presidente substituída da comissão, Eugênia Gonzaga, disse que lamentava pelas famílias de mortos e desaparecidos. Para ela, "ao que tudo indica", a decisão do governo Bolsonaro foi "uma represália" .