Bolsonaro não recorre contra absolvição de Adélio e sentença transita em julgado

Presidente havia afirmado que recorreria de decisão que considerou autor da facada em Bolsonaro inimputável por ser portador de transtorno mental

Adélio Bispo de Oliveira deu uma facada em Bolsonaro durante a campanha eleitoral
Foto: Reprodução
Adélio Bispo de Oliveira deu uma facada em Bolsonaro durante a campanha eleitoral

Sem recursos apresentados pela defesa do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e pelo Ministério Público Federal (MPF), a sentença em que a Justiça determinou a internação, por tempo indeterminado , de Adélio Bispo de Oliveira, autor da facada em Bolsonaro, transitou em julgado. Quando a decisão foi divulgada, em junho, o presidente se queixou do teor e afirmou que iria recorrer

"Se não houver recurso e for transitado em julgado, caso Adélio queira falar que quem pagou a ele para tentar me assassinar, não tem mais valor jurídico, ele é maluco. Isso que está acontecendo. Agora, se fosse o contrário, o que estariam pensando ao meu respeito? A gente sabe que o circo é armado, tentaram me assassinar, sim", disse Bolsonaro na ocasião.

A informação sobre o trânsito em julgado foi antecipada pela revista Crusoé e confirmada pela reportagem do O Globo . Adélio foi considerado inimputável por ter uma doença mental. Laudos anexados ao processo atestaram que o autor do atentado tem Transtorno Delirante Persistente e que o crime foi cometido em função desta condição.

“Sendo a inimputabilidade excludente da culpabilidade, a conduta do réu, embora típica e antijurídica, não pode ser punida por não ser juridicamente reprovável, já que o réu é acometido de doença mental que lhe suprimiu a capacidade de compreender o caráter ilícito do fato e de se determinar de acordo com este conhecimento”, escreveu o juiz Bruno Souza Savino na sentença.

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Como Adélio é réu confesso, não houve, no curso da ação, discussão sobre a autoria do crime, mas sim se haveria ou não possibilidade de que ele fosse condenado com base na Lei de Segurança Nacional, tese defendida na denúncia apresentada pelo MPF.

A Justiça entendeu que há chance de “reiteração da conduta criminosa” e que haveria risco à integridade física de Adélio caso ele fosse transferido para um hospital psiquiátrico, então determinou que ele permaneça na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS). De acordo com o magistrado, a unidade oferece “condições adequadas para o tratamento da doença que acomete o réu, conforme atestado pelo médico psiquiatra/assistente técnico da defesa”.

A sentença também estabeleceu que, em três anos, uma nova perícia médica avalie as condições de Adélio para verificar se há necessidade que ele permaneça internado.

Em nota, o advogado de Bolsonaro , Antônio Pitombo, afirmou que a defesa do presidente optou por uma “nova estratégia jurídica, em razão da persecução penal evidenciar que o condenado se apresentou como instrumento, ou parte de uma engrenagem, para a prática do grave crime”. Questionado, Pitombo não informou qual seria a nova estratégia.