Bolsonaro cita Bebianno por engano e ex-ministro responde: "Consciência pesada"

Bolsonaro confundiu Gustavo Montezano, novo presidente do BNDES, com o ex-ministro, demitido em fevereiro em crise que envolveu Carlos Bolsonaro

Foto: Rafael Carvalho/Governo de Transição
Bolsonaro cita Bebianno por engano e ex-ministro responde: 'Consciência pesada'

Quase cinco meses depois de demitir Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) citou o ex-ministro, por engano, durante discurso na posse do  novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano. O ato falho no qual o presidente confundiu os sobrenomes dos dois Gustavos ocorreu no início da tarde desta terça-feira, no Palácio do Planalto.

"Até me lembro, prezado Gustavo Bebianno, do meu tempo de garoto. Também nos anos 77, envergando uma farda do nosso glorioso Exército Brasileiro, eu recebi a minha espada lá na cidade de Resende (RJ)", disse o presidente, depois de aproveitar a ocasião para apresentar o sobrinho, Luiz Paulo Leite Bolsonaro , cadete da Academia da Polícia Militar de Goiás, que foi visitá-lo acompanhado de uma comitiva.

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Bebianno, que deixou o cargo no dia 18 de fevereiro e foi o primeiro ministro a ser demitido do governo, disse à reportagem que foi avisado da confusão do presidente e comentou: "veja o que a consciência pesada é capaz de fazer".

"O Capitão terá que conviver com a injustiça e covardia feita comigo. Ele sabe que errou. Errou feio!", acrescentou o ex-ministro, que foi presidente nacional do PSL durante a campanha eleitoral do ano passado, da qual foi coordenador.

Segundo Bebianno, ele e o presidente nunca mais se falaram desde a demissão. "Desejo-lhe sorte!", escreveu, em mensagem enviada ao jornal O Globo .

Fora do PSL

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Bebianno deixou o PSL em junho

No fim do mês passado, o ex-ministro se desligou oficialmente do PSL. Ele avalia se filiar ao PSDB , do governador de São Paulo, João Doria, ou DEM , do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. A decisão sobre o futuro político, no entanto, só deverá ser sacramentada em outubro deste ano com vistas às eleições municipais de 2020. Ele ainda não se decidiu se sairá candidato.

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Bebianno contou ao jornal O Globo que deixou o partido em junho porque ficou "perplexo" da maneira como foi desligado do governo em fevereiro, em meio a uma crise envolvendo o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), do Rio. Segundo ele, só depois parou para pensar na legenda.

"Fiquei observando, para depois tomar um rumo, achei por bem me desligar logo, porque meu vínculo com o presidente realmente acabou", disse.

Advogado, Bebianno se aproximou do então deputado federal e pré-candidato à Presidência como um fã. Aos poucos, assumiu processos na Justiça de Bolsonaro e manobrou para arrancar a candidatura de Bolsonaro do nanico Patriota e levá-la ao PSL de Luciano Bivar , deputado federal.

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Pelo acordo, Bebianno assumiu o comando da sigla durante a eleição. Logo após a vitória em segundo turno, o PSL voltou às mãos de Bivar e Bebianno assumiu a terceira vice-presidência do partido, segundo ele, sem nenhuma função administrativa.

O advogado foi nomeado para a Secretaria-Geral da Presidência mas já sofria processo de desgaste desde o segundo turno das eleições. Em fevereiro, Bebianno foi exonerado após ter sido chamado de mentiroso por Carlos.

Na ocasião, em entrevista ao jornal O Globo , o então ministro negou que vivia uma crise no governo e alegou que naquele dia havia conversado três vezes com o presidente. Após a demissão, áudios divulgados comprovaram que Bebianno e Bolsonaro mantiveram contato.

"Não fui demitido pelas denúncias de candidaturas laranjas. Fui afastado por conta de uma implicância do senhor Carlos Bolsonaro . Não teve outro motivo", declarou, no fim do mês passado.