Bolsonaro: Barrar esquerda na Argentina é mais importante que crise venezuelana

Para presidente, um dos maiores efeitos do acordo entre Mercosul e União Europeia pode ser impulsionar a reeleição do presidente Mauricio Macri

Foto: Clauber Cleber Caetano/PR
Bolsonaro: Barrar esquerda na Argentina é mais importante que crise venezuelana

 O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira  que o acordo de livre comércio firmado entre o Mercosul e a União Europeia pode impedir a Argentina de ter um novo governo de esquerda . Segundo ele, esta questão é "mais importante" do que buscar uma solução para a crise na Venezuela. 

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Bolsonaro tem feito a defesa do presidente argentino Mauricio Macri na disputa pela reeleição no embate com a senadora e ex-presidente Cristina Kirchner. Embora tenha anunciado que sairá como vice na chapa de Alberto Fernández, que foi chefe de gabinete de seu marido, Néstor Kirchner, Cristina é vista como a real adversária. Na tarde desta quinta-feira, Fernández visitará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na prisão em Curitiba.

"O acordo do Mercosul, envolvendo a Argentina , no meu entender, mais do que um acordo bom para nós é um acordo que pode ajudar a Argentina a não voltar para as mãos de quem integrava o Foro de São Paulo", disse Bolsonaro durante café da manhã com senadores e deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

A crise na Argentina — com aumento da pobreza, aumento do dólar e persistência de uma inflação alta — tem ameaçado o projeto de recondução de Macri ao poder. Ao mesmo tempo, tem favorecido uma possível volta da ala kirchnerista do peronismo, representada pela chapa de Cristina.

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Em visita ao país no início de junho, Bolsonaro pediu que os argentinos votassem com responsabilidade para evitar "novas Venezuelas" no continente.  Agora disse que a situação da Argentina se sobrepõe à questão da Venezuela sob o regime de Nicolás Maduro.

"Mais importante do que buscarmos solução para a Venezuela é buscarmos maneiras de que a nossa Argentina não volte àss mão de políticos que eram muito amigos de petistas que nós tínhamos no passado governando o país", disse.

Em entrevista ao jornal O Globo , na última sexta-feira, o deputado federal Eduardo Bolsonaro já havia falado que a expectativa de melhora da economia no país vizinho poderia favorecer o presidente Macri na disputa pela reeleição.

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"É um fôlego que vai dar não só na economia brasileira, mas principalmente para a recuperação da economia argentina. Isso daí muito possivelmente terá reflexos na eleição argentina que se aproxima, onde está bem acirrado o Macri e a Cristina Kirchner. Embora seja vice na chapa do ex-chefe da gabinete, é ela que realmente está rivalizando com Macri", disse Eduardo Bolsonaro , que é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Deputados.