Bolsonaro devolverá Coaf a Moro após ato simbólico do Congresso, diz governista
Segundo fonte do governo, presidente entende que o ministro da Justiça precisa ter acesso ao órgão, apesar de derrota na Câmara e no Senado
Por IstoÉ | | Mário Simas e Germano Oliveira colaborou Wilson Lima |
Apesar de a Câmara e o Senado terem rejeitado o projeto do governo de remanejar o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Economia para o da Justiça, o órgão deve acabar nas mãos do ministro Sérgio Moro de qualquer maneira.
De acordo com uma fonte do governo que acompanhou as negociações com o Congresso para a aprovação da Medida Provisória 870, reduzindo o número de ministérios de 29 para 22 — mas que reprovou a ida do Coaf para a jurisdição de Moro —, essa decisão dos parlamentares não pode ser tratada como derrota de Bolsonaro. Afinal, o fato de os parlamentares terem decidido que o Coaf fica com Paulo Guedes é apenas um detalhe. Ao final, Bolsonaro deve transferir o órgão a Moro por meio de portaria.
Simbólico
Ao perceber que os deputados rejeitariam a MP 870 só para enfraquecer Moro, o ministro Onyx Lorenzoni aceitou que o Coaf permanecesse na Economia. “Foi apenas um ato simbólico. Bolsonaro está convencido de que o Coaf é indispensável para o combate ao crime organizado”, diz a fonte. Moro terá acesso ao órgão nem que seja compartilhando-o com Guedes.
Democracia
O próprio Moro minimizou a derrota . Em Portugal, durante um seminário, o ministro disse que concordava com a decisão do Senado. “É uma pena, mas vou atuar em conjunto com o ministro Paulo Guedes para otimizar os dados do Coaf”. Para ele, tudo isso, perder ou ganhar, faz parte da democracia. O certo é que o órgão já recebeu um bom reforço no pessoal.
Má companhia
Alguns militares no governo não gostaram nada de saber que o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo no Senado, está na lista dos que tiveram seus bens bloqueados pelos desvios na Petrobras . A pedido do MPF do Paraná, o TRF-4 congelou R$ 258,7 milhões do senador para cobrir os R$ 3,5 bilhões que vários políticos surrupiaram dos cofres da estatal.
Rápidas
- O governo Bolsonaro transferiu, sem maior alarde, o escritório regional da Presidência da República de São Paulo, que funcionava na Avenida Paulista, para o Rio de Janeiro. Na era Lula, foi chefiado por Rosemary Noronha, sua ex-namorada.
- O Palácio do Planalto vai gastar R$ 7,1 milhões para comprar 39 novos veículos de luxo para o atendimento dos familiares do presidente Jair Bolsonaro e de seu vice general Hamilton Mourão. Os carros serão blindados e com pneus à prova de balas.
- A Polícia Rodoviária Federal, ligada ao Ministério da Justiça, vai contratar 1.047 novos policiais aprovados em concurso. Inicialmente seriam chamados só 500 policiais, mas o ministro Sergio Moro conseguiu outros 547.
- O ex-governador paulista Geraldo Alckmin justificou por que perdeu a eleição para presidente: “Perdi por causa da facada no Bolsonaro”. Os bolsomínios dizem que ele perdeu porque o eleitor queria mudança.
Retrato falado
O ministro da Cidadania, Osmar Terra, diz que o seu ministério sofreu um corte de R$ 36,5 bilhões até o final do ano (R$ 30 bilhões para pagar o Benefício de Prestação Continuada, o BCP, e R$ 6,5 bilhões para o Bolsa Família). Segundo ele, caso o Congresso não aprove até o final de junho o crédito suplementar de R$ 248,9 bilhões, seu ministério terá problemas para pagar esses benefícios sociais. “Mas eu confio na sensibilidade dos parlamentares”, explica Terra.
Estranho no ninho
O ex-deputado federal Xico Graziano (PSDB-SP) deu um cavalo de pau na sua carreira política. Até pouco tempo era o principal assessor do Instituto FHC. Sempre foi importante no tucanato paulista: ex-chefe de gabinete do presidente Fernando Henrique Cardoso, e depois superintendente do Incra, além de ter sido secretário da Agricultura do governador Mário Covas (PSDB). Coordenou inclusive a campanha mal sucedida a presidente da República do tucano José Serra em 2010. Mas, recentemente, desfiliou-se do PSDB para transformar-se em um dos maiores entusiastas do presidente de Jair Bolsonaro, a quem não cansa de elogiar.
No Twitter
As maiores declarações de apoio ao governo ele faz no Twitter. Recentemente, elogiou o trabalho do tucano Samuel Moreira (PSDB-SP) na relatoria da reforma da Previdência, mas comemorou euforicamente que “o emprego está voltando”, que o “Brasil vai para o OCDE” e que “o Nordeste está verde-amarelando”.
Toma lá dá cá
Você viu?
Deputada Carla Zambelli (PSL-SP)
A senhora acha que o governo conseguirá aprovar o projeto de Reforma da Previdência com a economia de R$ 1,2 trilhão em dez anos?
O governo vai conseguir aprovar o projeto com essa economia, mas deve sofrer alterações como é natural. A gente não tem a inocência de achar que ele será aprovado exatamente como chegou aqui à Câmara.
O que será mudado?
Tem que flexibilizar um pouco essa questão dos R$ 400 que são dados no Benefício de Prestação Continuada a partir dos 60 anos. De repente, o idoso pode escolher se quer receber os R$ 400 desde os 60 anos ou se prefere receber o salário mínimo a partir dos 65.
A Câmara aprova agora ou no segundo semestre?
Acho que conseguimos aprovar ainda no primeiro semestre.
A muralha de Mourão
O vice-presidente Hamilton Mourão não perde tempo. Como a China é o maior mercado brasileiro, desembarcou em Pequim no último dia 19 e lá ficou uma semana. Encontrou-se com o presidente Xi Jinping e visitou a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação. E visitou a Muralha da China, que ninguém é de ferro.
Bolsonaro vai atrás
Mourão entregou uma carta do presidente Jair Bolsonaro a Xi Jinping, convidando-o para vir ao Brasil em novembro, quando aqui se realizará uma importante reunião dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), sob presidência dos brasileiros. Bolsonaro confirmou que visitará o território chinês no segundo semestre.
Confisco de imóveis
Foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Câmara, um projeto de lei do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que prevê a perda de imóvel utilizado como cativeiro em crimes de sequestro quando ficar comprovado o envolvimento do proprietário no delito. Hoje, o bandido fica numa boa em posse do imóvel.