Partido questiona no STF retirada do Coaf do Ministério da Justiça

Podemos alega que Congresso interferiu nos poderes do presidente ao alterar parte da medida provisória que reestruturou os ministérios

Pr. Marco Feliciano é um dos deputados do Podemos, partido que questionou no STF retirada do Coaf das mãos de Sérgio Moro
Foto: Michel Jesus/ Câmara dos Deputados - 29.5.19
Pr. Marco Feliciano é um dos deputados do Podemos, partido que questionou no STF retirada do Coaf das mãos de Sérgio Moro

O Podemos apresentou nesta quarta-feira (29) uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a  decisão do Congresso de retirar o Conselho de Controle de Atividades Financeiras(Coaf) do Ministério da Justiça, de Sérgio Moro.

O partido alega que cabe apenas do  presidente da República tomar medidas relacionadas à administração pública federal e à criação de órgãos, e que a Câmara e o Senado não poderiam ter feito essa alteração na medida provisória (MP) que reestruturou os ministérios e fez com que o Coaf fosse para as mãos de Paulo Guedes.

"Não é de competência do Poder Legislativo, desconstituir, por lei, atos de caráter administrativo que tenham sido editados pelo Poder Executivo no estrito desempenho de suas privativas atribuições institucionais", diz a ação.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) transferiu, na MP da reforma administrativa , o Coaf do Ministério da Economia para o da Justiça, atendendo a um pedido do ministro Sérgio Moro. Entretanto, a comissão especial que analisou a MP devolveu o órgão para a Economia, decisão que foi mantida pela Câmara, na semana passada, e pelo Senado, na terça-feira (28).

O Podemos também destaca que a mudança no Coaf foi confirmada por um decreto presidencial que estabeleceu o estatuto do conselho. Além disso, o partido ainda alega que, mesmo que se Bolsonaro sancionar as alterações na MP, a inconstitucionalidade permanece.

O líder do partido no Senado, Alvaro Dias (PR), anunciou no plenário que o partido havia apresentado a ação e disse que é preciso respeitar a separação dos Poderes.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado - 28.5.19
Líder do Podemos no Senado, Alvaro Dias (PR)

"Quando se atribui competência privativa ao Presidente da República, o Congresso Nacional não pode se sobrepor. Seria o mesmo que o Presidente da República, por medida provisória, alterasse o Regimento do Senado ou da Câmara ou do Congresso Nacional. Portanto, consagra-se a inconstitucionalidade. Isso diz respeito à separação dos Poderes, à interdependência dos Poderes. Cabe, portanto, uma ação direta de inconstitucionalidade", acrescentou, em defesa do Coaf com Moro.