Associação de juízes critica Toffoli por concordar com 'pacto dos três Poderes'

Ajufe argumenta que presidente do STF não pode assumir compromisso porque pontos da nova Previdência podem ser questionados no Supremo

Bolsonaro se reuniu com Toffoli, Maia e Alcolumbre para um café da manhã nesta terça-feira (28)
Foto: Reprodução/Flickr
Bolsonaro se reuniu com Toffoli, Maia e Alcolumbre para um café da manhã nesta terça-feira (28)

A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) divulgou nota nesta quarta-feira (29) para "manifestar sua preocupação" com o "pacto" discutido na terça pelos presidentes dos
três Poderes . O texto critica especificamente o apoio anunciado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, à reforma da Previdência, porque pontos da
proposta podem vir a ser questionados na Corte.

"Sendo o STF o guardião da Constituição, dos direitos e garantias fundamentais e da democracia, é possível que alguns temas da reforma da previdência tenham sua
constitucionalidade submetida ao julgamento perante a Corte máxima do país", escreve a Ajufe em crítica sobre a presença de Toffoli do encontro.

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"Isso revela que não se deve assumir publicamente compromissos com uma reforma de tal porte, em respeito à independência e resguardando a imparcialidade do Poder Judiciário,
cabendo a realização de tais pactos, dentro de um estado democrático, apenas aos atores políticos dos Poderes Executivo e Legislativo".

Na terça, Toffoli se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Eles analisaram a minuta de um "pacto de entendimento e metas", que inclui as reformas da Previdência e tributária e o pacto federativo, entre outras propostas. O governo federal que que o pacto
seja formalizado em um ato no Palácio do Planalto em junho.

Em fevereiro deste ano, segundo um auxiliar do Planalto, a ideia do pacto foi encampada por Bolsonaro, e coube à Casa Civil fazer uma nova versão e apresentá-la aos chefes dos
poderes. Em entrevista à imprensa após o café no Alvorada, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), afirmou que o documento foi "praticamente validado por todos" e
agora passará por ajustes finais.

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A ideia do pacto foi apresentada pelo próprio presidente do STF em outubro do ano passado. A versão defendida por Dias Toffoli inclui cinco pontos: reforma da Previdência,
reforma tributária, pacto federativo, segurança pública e desburocratização.