Líderes de diferentes partidos na Câmara avaliam que os atos deste domingo (26) em favor do presidente Jair Bolsonaro (PSL) não vão alterar a rotina de trabalhos entre os
parlamentares. Em entrevista ao jornal O Globo
, eles demonstram acreditar que a pauta da Casa continuará a ser tocada de forma independente do governo.
Para o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), uma das lideranças do "centrão", os atos ficaram aquém do esperado pelos apoiadores do presidente e podem levar o
governo a rediscutir sua estratégia de confronto com a Câmara e o Senado.
"Como já era esperado, foi aquém do que imaginavam que seria. A pauta é ruim: defender o governo com o país entrando em recessão, defender a reforma, realmente não é muito
fácil. Então, não muda muito o que estava aí. Vamos tocar nossa pauta independentemente disso e votar o que nós consideramos de interesse do país. Se o governo imaginava que o
apoio que precisava viria das ruas, deve repensar. Porque esse apoio que veio não vai resolver o problema", afirma Paulinho.
O líder do DEM, Elmar Nascimento (BA), já havia se manifestado no mesmo sentido que o Solidariedade. Ele enfatiza a necessidade de diálogo entre o governo e o Congresso e
identifica pontos convergentes entre as prioridades da Câmara e dos manifestantes.
"Ressalto que a maioria deles manifestou-se a favor da reforma da Previdência e do pacote anticrime, ambos em tramitação no Legislativo. Desta forma, a Câmara e o Senado são
fundamentais no processo de aprovação das duas pautas. O STF também é pilar da democracia e, tenho certeza, contribuirá para o fortalecimento das instituições. Ninguém governa sozinho
", disse Nascimento.
Líder do PSL: 'Não podemos generalizar o centro'
O líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (PR), ainda não sabe dimensionar o impacto dos atos pró-governo no cotidiano parlamentar, mas reforça a legitimidade das demandas
levadas às ruas no domingo, como fez o presidente Jair Bolsonaro.
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"Eu não sei se vai provocar grandes alterações na Câmara, mas acredito que as manifestações foram populares, de pautas legítimas, na sua maioria", avalia Waldir. Para o
deputado, os ataques ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e a lideranças do centrão por alguns dos participantes do protesto também não devem ter repercussões
significativas na Casa.
"Os partidos de centro e o Rodrigo Maia têm maturidade suficiente para entender essas manifestações, que se sabe que não há como controlar. Nós não podemos generalizar o centro. Existem parlamentares que erraram, mas a maioria são parlamentares espetaculares", pontua o líder do PSL.
Paulinho da Força , por sua vez, observa que a quantidade de manifestantes radicais cria algumas dificuldades para o presidente. "Bolsonaro se enrolou nessa extrema-direita e acaba sendo difícil de controlar. Isso só isola o governo e, nesse aspecto, o deixa numa situação pior", disse o presidente do Solidariedade.
O líder do DEM acrescentou que o "radicalismo e a beligerância nunca levaram a lugar algum". De acordo com Elmar Nascimento, neste momento, é preciso que a Câmara
, Senado e
governo se unam "para atingir a um objetivo comum", como a recuperação da economia e a geração de empregos e renda.