Governo abre mão de estatal de navegação aérea em nome de reforma ministerial

Após reunião com Maia e Alcolumbre, ministro Onyx confirmou a revogação de MP que era tida como prioridade do Planalto em troca de votação da medida provisória que reestruturou ministérios do governo Bolsonaro

Ministro Onyx Lorenzoni teve reunião com os presidentes da Câmara e do Senado
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - 22.5.19
Ministro Onyx Lorenzoni teve reunião com os presidentes da Câmara e do Senado

O governo vai revogar a Medida Provisória que trata da criação da empresa de navegação Nav Brasil (MP 866) para abrir caminho no Congresso à votação de outra medida, a MP 870, que trata da reorganização ministerial do governo Jair Bolsonaro (PSL). A informação foi confiramda pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, após reunião com os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

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“Nós estamos trazendo a retirada da MP 866. Ela está sendo revogada, para permitir que a Câmara e o Senado Federal possam aprovar a importante reforma administrativa. Nosso País já teve 39 ministérios, e, com essa reforma, o Brasil terá 22. O governo se sente plenamente contemplado porque 95% do texto original está acatado no relatório”, disse Onyx ao defender a reorganização ministerial .

A MP que será revogada era tida como uma das pautas prioritárias do Planalto. A medida autorizava a criação de empresa pública para controle de voo das aeronaves no País. A nova empresa ficaria subordinada ao Ministério da Defesa e à Aeronáutica. Hoje, a função é responsabilidade da Infraero. A medida agora está na Câmara e perde a validade no dia 30 de maio.

Uma das pautas prioritárias do Planalto, a MP 866 autoriza a criação da empresa pública NAV Brasil Serviços de Navegação Aérea S.A, para controle de voo das aeronaves no País. A nova empresa ficaria subordinada ao Ministério da Defesa e a Aeronáutica. Hoje, a função é responsabilidade da Infraero.

O ministro minimizou as mudanças à estrutura original impostas pelo Congresso em vortação realizada em comissão especial. “Nós temos tranquilidade de que a reforma administrativa será bem concluída hoje [na Câmara] e dará tranquilidade aos nossos ministros e ministérios para que vários programas que estão para ser apresentados para sociedade brasileira possam ser feitos", disse.

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Sobre a relação do Executivo com o Legislativo, Onyx disse que cada dificuldade está sendo vencida passo a passo, “nunca abrindo mão do diálogo continuado com a Câmara e com o Senado”.

“Nós estamos em uma fase de ajuste dessa relação. Estamos numa fase de consolidação dessa nova forma de conduzir as relações entre o Executivo e o Legislativo, valorizando o Legislativo”, disse.

Onyx lembrou os 28 anos do presidente Jair Bolsonaro como deputado federal e, nesse sentido, afirmou que o presidente da República sabe a importância, a relevância e o espírito público que os parlamentares têm. “Todos nós vamos superar as dissintonias, que são naturais num governo de transformação. Da mesma forma como teremos hoje a aprovação da reforma administrativa, com o governo respeitando as decisões do Parlamento, nós caminharemos da mesma forma para o grande desafio do nosso país que é a Nova Previdência”.

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Caso a Câmara vote a MP da Reforma Administrativa ainda hoje, no Senado, a matéria, segundo o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, pode ser apreciada já nessa quinta-feira (23). Caso não haja quórum suficiente, e como o prazo final para votação dessa MP é 3 de junho, o texto pode ser votado na semana que vem, disse o senador.

“O Parlamento não é obrigado a ser um avalizador das matérias encaminhas pelo governo federal, mas nós compreendemos que o governo tem todo direito e a legitimidade de construir a sua estrutura governamental com base nessa medida provisória de reestruturação, e o Parlamento, debruçado sobre essa matéria, fez e fará, enquanto for necessário, a reestruturação dos projetos encaminhados pelo governo para o seu aperfeiçoamento e para seu aprimoramento”, disse Davi Alcolumbre.