Presidente da comissão especial não vê chances de novo texto da Previdência

Marcelo Ramos garante, porém, que parlamentares, farão mudanças na capitalização

Marcelo Ramos, presidente da comissão especial da Previdência
Foto: Reprodução / Agência Câmara
Marcelo Ramos, presidente da comissão especial da Previdência

O presidente de comissão especial da reforma da Previdência , deputado Marcelo Ramos (PR-AM), voltou a defender neste domingo uma maior independência do Congresso em relação ao Executivo, sobretudo no encaminhamento da proposta de reforma da Previdência .

Ele recuou do que havia afirmado na sexta-feira e explicou que a ideia dos parlamentares não é propor um texto novo da Previdência , mas fazer mudanças significativas na estrutura do projeto , como rejeitar a chamada desconstitucionalização defendida pelo governo – que consiste em retirar da Constituição todas as regras de aposentadoria – e a autorização para criar no país um novo regime de capitalização , sem medidas para proteger os segurados.

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Neste modelo, os trabalhadores contribuem para a própria aposentadoria e não para um bolo que é repartido com os inativos.

"Não vejo possibilidade de um novo texto, partindo do zero. Mas a desconstitucionalização e a capitalização não ficarão do jeito que estão. Para mim, isso é uma mudança estrutural na proposta construída pela equipe do ministro da Economia ( Paulo Guedes )", afirmou Ramos.

Marcelo Ramos disse, contudo, que a intenção é manter uma economia em torno de R$ 1 trilhão em 10 anos com a reforma, além de cumprir o cronograma definido pela comissão em aprovar o texto substitutivo do relator, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), ainda na primeira quinzena de junho. Segundo ele, esse calendário só não será cumprido se o presidente Jair Bolsonaro e “sua turma” continuarem atacando o Congresso.

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"O que pode atrasar esse cronograma é a turma do Bolsonaro que decidiu atacar o Congresso", afirmou o parlamentar.

Ele se queixou dos ataques, mesmo sendo "uma pessoa comprometida" com a reforma. Citou também que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, tem sido alvo, apesar dele ser defensor da proposta.

"O recado que eu quis transmitir (ao falar do texto alternativo na sexta-feira) é que vamos assumir o protagonismo de fazer a reforma com ou sem a ajuda do governo. Não precisamos do governo para obter os 308 votos necessários", afirmou Ramos.

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O partido de Ramos faz parte do centrão, que com a oposição soma cerca de 300 votos e tem imposto derrotas ao governo no Congresso.

Ao ser indagado se está agindo dessa maneira em relação à reforma porque está dando um recado do seu partido sobre cargos no governo, respondeu que não falava pelo PR, mas por si próprio:

"Deus me livre ter cargo nesse governo trapalhão (…). O Bolsonaro aposta no caos para em cima disso construir uma saída autoritária. Ele sempre teve um desapreço pela democracia. Temos que ter um real sentimento para não deixar o país cair nisso. É hora de isolar os gestos pouco republicanos do presidente e distensionar a relação".

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Ele observou que eventuais novas concessões no texto, envolvendo Benefício de Prestação Continuada-BPC (concedido a idosos e deficientes da baixa renda), aposentadorias rurais e de professores serão negociadas com o relator. Reiterou que a proposta enviada pelo Executivo será a base do relatório sobre a Previdência .