O texto compartilhado pelo presidente Jair Bolsonaro nesta sexta-feira (17), que diz que o Brasil é "ingovernável" sem "conchavos", foi escrito pelo professor e servidor público Paulo Portinho, que trabalha na Comissão de Valores Mobiliários (CMV). Portinho, que costuma comentar sobre política em sua página no Facebook, publicou a mensagem no último sábado, com a intenção de que ela circulasse apenas entre pessoas próximas. Ele foi candidato a vereador do Rio de Janeiro em 2016, pelo Novo.
Leia também: Nos EUA, Bolsonaro diz que esquerda "tomou universidades" e erra próprio slogan
Portinho se surpreendeu, contudo, com a repercussão que o texto ganhou, principalmente após ter sido compartilhado por Bolsonaro, e disse que é um apoiador do presidente do partido Novo , João Amoêdo.
"Não sabia que ia ter uma repercussão dessas. Não gostaria de ficar exposto. Pessoalmente, foi uma coisa que me deixou chateado. Não sabia que ia chegar a esse ponto. Era uma coisa para as pessoas que participam da minha rede pessoal, só", relatou Portinho ao GLOBO.
Leia também: Prefeito de Nova York chama Bolsonaro de "ser humano perigoso"
Ele explica que fica feliz com a divulgação de suas ideias, mas que preferia que texto ficasse como foi compartilhado por Bolsonaro , ou seja, como "autor desconhecido". Portinho tem um blog, onde também fala de política, e já escreveu quatro livros sobre finanças.
"A pessoa gostar do meu texto me deixa feliz. O presidente está no direito dele de partilhar. Mas, se continuasse como autor desconhecido, ficaria mais feliz", diz.
Portinho é filiado ao Novo, partido pelo qual concorreu a vereador nas eleições de 2016 no Rio de Janeiro. Ele diz que foi "muito difícil", porque não gostou da experiência de pedir votos e dinheiro para as pessoas, e que por isso está afastado da vida partidária, apesar de seguir votando nos candidatos do partido.
Leia também: Bolsonaro se reúne com ministros no Palácio do Planalto
Nas eleições do ano passado, votou em João Amoêdo (Novo) para presidente no primeiro turno e preferiu não votar no segundo, entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT).
Ele diz que sua intenção ao escrever o texto foi apenas fazer uma análise do choque que está sendo gerado pela forma de Bolsonaro de governar, e ressalta que a ideia de que o Brasil é refém de determinadas corporações não é dele, citando, por exemplo, o ministro da Economia, Paulo Guedes.
"Eu não conheço o presidente, não conheço ninguém no governo, nem votei no presidente. Votei no Amoêdo ( Novo ) e no segundo turno nem fui para o Rio votar. O que eu quis dizer no texto é que a forma de governar do Bolsonaro é atípica, não é comum. Quando entra uma pessoa heterodoxa, deixa muito claro que a governança do Brasil é difícil. O Brasil é refém de corporações. Só quis dizer que quando aparece o governo fora do status quo, isso fica mais claro para nós", disse.