O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para a próxima terça-feira (14) o julgamento do inquérito que investiga o hoje deputado Aécio Neves (PSDB-MG) por suposto envolvimento em esquema de desvio de recursos da estatal de energia Furnas
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Esse inquérito chegou a ser arquivado por decisão do relator, ministro Gilmar Mendes, atendendo a recomendação da Polícia Federal. Mas ele foi reaberto em novembro do ano passado após a Procuradoria-Geral da República (PGR) alegar que surgiram novos fatos contra Aécio Neves .
Esses fatos se referem a documentos enviados pelo principado de Liechtenstein que, segundo a PGR, apontam movimentações suspeitas em conta ligada à mãe de Aécio.
O tucano é investigado por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por supostamente ter recebido propina de empresas contratadas pela estatal mineira e se valido da atuação da irmã, Andrea Neves, e de doleiros para dissimular a origem dos recursos.
As suspeitas contra o tucano surgiram a partir de depoimentos prestados pelo ex-senador Delcídio do Amaral no âmbito do acordo de colaboração do ex-petista com a força-tarefa da Operação Lava Jato.
Segundo o MPF, as informações de Delcídio confirmam versão contada anteriormente pelo doleiro Alberto Youssef e traz detalhes sobre o envolvimento de Dimas Toledo, ex-diretor de Furnas indicado por Aécio, e de Andrea Neves , no esquema.
Aliado de José Dirceu, o lobista Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura também afirmou em depoimento que o ex-ministro decidiu, em 2005, apoiar a manutenção de Dimas Toledo no cargo de diretor de Engenharia de Furnas. A justificativa de Dirceu para essa decisão foi a de que essa fora a "única indicação pessoal" que Aécio fez ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Hourneaux de Moura teria se encontrado com Dimas para transmitir o apoio de Dirceu, no que teria sido informado que "o diretório estadual do PT em São Paulo não precisaria se preocupar, não precisando nem aparecer no Rio de Janeiro, sede de Furnas, pois 1/3 iria para o PT de São Paulo, 1/3 para o PT Nacional e 1/3 para Aécio Neves", conforme transcrição do depoimento do lobista.
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Delcídio, em sua delação, afirmou aos procuradores que "sem dúvida" Aécio recebeu propina no esquema de corrupção em Furnas. O delator e ex-líder do governo Dilma no Senado disse ainda que o esquema na estatal de energia era semelhante ao da Petrobras, envolvendo, inclusive, as mesmas empreiteiras.