MPF cobra explicações de Alcolumbre sobre sigilo de gastos de verba de gabinete

Em ofício endereçado ao gabinete do senador, procuradoria pede acesso aos 'pareceres jurídicos que deram suporte ao ato' corriqueiro no Senado

Davi Alcolumbre terá que dar explicações sobre sigilo em gastos de verbas e gabinete dos senadores
Foto: Moreira Mariz/Agência Senado
Davi Alcolumbre terá que dar explicações sobre sigilo em gastos de verbas e gabinete dos senadores


O Ministério Público Federal cobrou explicações do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), sobre a decisão do parlamentar de manter em sigilo notas fiscais com gastos de verba de gabinete e ainda permitir que os demais senadores tomem a mesma atitude. Em ofício endereçado ao gabinete do senador, na última segunda-feira (29), a procuradora Federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat, solicita que Alcolumbre encaminhe ao MPF “os pareceres jurídicos que deram suporte ao ato”.

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O parecer em questão foi editado em 2016, durante a gestão do emedebista Renan Calheiros (AL), e usado por Alcolumbre para negar ao jornal O Globo notas fiscais de gastos de R$ 1 milhão em três pequenas gráficas de Brasília. No documento, os técnicos do Senado argumentaram que a divulgação das notas fiscais deveria ficar “a critério de cada parlamentar”. Os senadores poderiam, na visão do Senado, decretar o sigilo sobre suas próprias notas fiscais.

O pedido de explicação do Ministério Público Federal é mais um capítulo do caso das notas secretas do Senado. Nesta quinta-feira (2), o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) havia pedido que a Corte apure a conduta do presidente do Senad o , de manter em sigilo as notas fiscais.

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Na última sexta-feira (26), a Justiça Federal deu 20 dias para que o presidente do Senado preste esclarecimentos sobre o caso. A decisão da Justiça foi com base em uma ação popular movida na Justiça mineira pede que Alcolumbre retire o sigilo das notas fiscais dele e dos demais senadores.

Desde o início deste ano, o Senado tem negado ao jornal O Globo o acesso a notas fiscais dos gastos do gabinete de Alcolumbre nas gráficas Brasília. O dono de uma das gráficas chegou a dizer que nem sequer lembrava-se do nome de Alcolumbre, apesar de o senador ter desembolsado, no início de 2017, mais de R$ 256 mil no modesto estabelecimento.

Na semana passada, o presidente do Senado recuou, após a repercussão do caso,  anunciando que vai passar a divulgar no site da Casa todas as notas fiscais com gastos dos Senadores. A medida, no entanto, só entrará em vigor em julho e não valerá, em princípio, para as suas próprias notas fiscais de gastos com gráficas.

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Diversas entidades ligadas à área da Transparência repudiaram a decisão do senador, já que o gasto dele e dos demais parlamentares é todo de dinheiro público e por isso o cidadão teria o direito de saber para onde vai o dinheiro.

Sobre a decisão do senador de dar transparência às notas apenas a partir de julho, o presidente da ONG Contas Abertas, Gil Castelo Branco, destacou a lesgislação atual define que a transparência tem que ser total em todos os casos.

"Ao que parece, o presidente Alcolumbre tem uma lei própria, só para si: É a lei de acesso às informações, exceto as minhas. A intenção de manter secretas as suas notas levanta uma suspeita ainda maior sobre esses gastos e os respectivos documentos fiscais", critica.