Dois dias antes da primeira grande manifestação que transformou a vida política nacional, em junho de 2013, o vereador e ex-prefeito do Rio Cesar Maia apresentava um projeto na Câmara do Rio. No dia 11 daquele mês, ele propôs conferir à cidade de Baku, capital do Azerbaijão, o título de "cidade-irmã do Rio de Janeiro". A aproximação e o fascínio do ex-prefeito pelo país, localizado entre o Oriente Médio, a Ásia e a Europa tornou-se também motivo de grande interesse de seu filho, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
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Esta semana, Rodrigo Maia aproveitou a semana inteira enforcada pelo Congresso, sem votações, para fazer uma viagem ao país. Desde que foi eleito pela primeira vez presidente da Casa, em 2016, esta é a segunda missão oficial à cidade de Baku. O roteiro ainda inclui agenda oficial no Líbano e paradas estratégicas em Cabo Verde, Madri, Roma e Lisboa. Os custos para o deslocamento, em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), não foram divulgados pela Câmara dos Deputados .
Em 2013, no mesmo ano em que Cesar Maia pediu a homenagem, segundo relatório do então embaixador brasileiro no Azerbaijão, Santiago Alcázar, ele e seu filho, o então apenas deputado federal Rodrigo Maia, e mais três parlamentares do DEM estiveram naquele país, onde "participaram do III Foro Internacional Humanitário e aproveitaram para realização de encontros com autoridades locais". Rodrigo Maia, inclusive, chegou a ser "vice-presidente do grupo de amizade parlamentar Brasil-Azerbaijão".
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País de grande diversidade cultural e religiosa, nas últimas décadas o Azerbaijão se empenhou em mostrar ao Ocidente a capacidade de seu povo em promover a tolerância com diferentes crenças. Também exportou a imagem de ter uma capital cosmopolita, com estilo de vida contemporâneo. Apesar disso, a pretexto de manter uma postura inflexível em relação à disputa territorial com a Armênia, permitiu a reeleição indefinida para seu líder político, Ilham Aliyev, presidente do país desde 2003.
Segundo relato do embaixador brasileiro Santiago Alcázar, há no país dezessete jornais. Sem exceção, todos repetem a linha traçada pelo governo. "Não há debates, nem crítica. Os críticos são processados por crimes de contrabando, evasão fiscal, tráfico de drogas", diz o diplomata brasileiro.
Na delegação oficial de Maia estão os deputados Alex Manente (PPS-SP), Baleia Rossi (MBD-SP) e Davi Soares (DEM-SP). Além deles, o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, e seus secretários Alexandre Baldy (Transportes) e Julio Serson (Relações Internacionais).
Na quarta-feira (01), a delegação chega a Beirute, no Líbano, onde será recebida pelo embaixador brasileiro Paulo Cordeiro de Andrade Pinto e o Deputado libanês Ali Bazzi. No dia seguinte, Maia assina o "Protocolo de Cooperação" entre a Câmara dos Deputados do Brasil e a Câmara do Líbano.
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Já na sexta-feira, em Baku, Rodrigo Maia e os demais terão reunião com o Ministro da Agricultura do Azerbaijão, Inam Karimov; com o Ministro das Relações Exteriores do país, Elmar Mammadyarov; e almoço oferecido pelo embaixador do Brasil. Além disso, farão uma visita ao parlamento do Azerbaijão.