Bolsonaro deve jantar com embaixadores de países islâmicos para evitar boicote

Presidente quer desfazer mal-estar causado por sua visita a Israel; grupo quer saber se o Brasil está realmente decidido a transferir a embaixada

 Uma das preocupações dos embaixadores a Jair Bolsonaro é com a abertura de um escritório de negócios em Jerusalém
Foto: Marcos Corrêa/PR
Uma das preocupações dos embaixadores a Jair Bolsonaro é com a abertura de um escritório de negócios em Jerusalém

Preocupado em desfazer o mal-estar causado por sua viagem a Israel há cerca de uma semana, o presidente Jair Bolsonaro participará pessoalmente de um jantar com 42 embaixadores de países islâmicos, nesta quarta-feira (10), na sede da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

A decisão foi tomada no início da noite desta terça-feira (9), como forma de demonstrar o nível de interesse do presidente da República em manter esses parceiros internacionais. Até então,  Bolsonaro seria representado pelos ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Agricultura, Tereza Cristina. 

Uma das preocupações a serem transmitidas pelos embaixadores é com a abertura de um escritório de negócios do Brasil em Jerusalém, anunciada pelo presidente durante visita a Israel.

Os países islâmicos também querem saber se o governo brasileiro está realmente decidido a transferir a embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém – cidade onde os palestinos desejam ver a futura capital de um Estado independente e cujo status final a ONU defende que seja definido por negociações. No início deste ano, a missão brasileira nas Nações Unidas manteve sua posição de defender dois Estados na região, o israelense e o palestino.

Os países islâmicos ocuparam a terceira posição entre os  maiores compradores de produtos do agronegócio brasileiro em 2018, com uma receita de US$ 16,4 bilhões e atrás apenas da China e da União Europeia.  Entre os principais itens vendidos para esses mercados estão açúcar, carne de frango, soja, milho, carne bovina e algodão. 

Os números foram divulgados pela CNA. A entidade considera como países islâmicos aqueles em que 50% da população são muçulmanos. Esse grupo é formado por mais de 50 mercados. Além da comunidade árabe, abrange nações como Bangladesh, Turquia, Irã e Senegal.

Segundo a CNA, o Brasil teve um superávit de US$ 15,4 bilhões na balança comercial do agronegócio com os islâmicos, que ficaram em sexto lugar entre os principais fornecedores. As compras desses países somaram cerca de US$ 1 bilhão. Por ordem de grandeza, o óleo de dendê foi o principal produto importado desses mercados, seguido por vestuário, borracha, sardinha congelada, avelãs e azeitonas.

Leia também: Bolsonaro pode visitar países árabes ainda em 2019, diz Ernesto Araújo

Bolsonaro fará uma viagem a um grupo de países árabes ainda este ano. A lista de destinos inclui aliados dos Estados Unidos, como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. O Egito também deve entrar no roteiro.