Dias contados? Bolsonaro confirma que destino de Vélez será decidido na segunda
Em meio à crise no Ministério da Educação, presidente pode definir a saída do ministro da pasta, que é questionado pela base do governo; saiba mais
Por iG São Paulo |
O presidente Jair Bolsonaro terá uma reunião na próxima segunda-feira (8) com o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, para definir o futuro dele no comando da pasta. Bolsonaro afirmou que tem havido reclamações sobre o funcionamento do Ministério da Educação (MEC).
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"Vai ser uma última conversa, para ver se continua ou não continua", disse Bolsonaro sobre Vélez
nesta sexta-feira (5), logo após participar da inauguração do espaço de atendimento da Ouvidoria da Presidência da República, no Palácio do Planalto.
Segundo o presidente, o ministério precisa funcionar "redondinho", o que não tem acontecido, mas evitou tratar o afastamento de Vélez como inevitável. "Só a morte não tem conserto", afirmou.
Perguntado se já pensa em um eventual substituto, o presidente desconversou em tom de brincadeira: "Eu estou noivo ainda, como é que vou pensar numa namorada?".
Mais cedo, durante um café da manhã com jornalistas, Bolsonaro já havia admitido a possibilidade de exonerar."Está bastante claro que não está dando certo o ministro Vélez. Na segunda-feira, vamos tirar a aliança da mão direita, ou vai para a esquerda ou vai para a gaveta", disse o presidente
O ministro, por sua vez, disse que desconhecia qualquer intenção do presidente de tirá-lo do cargo e garantiu que não entregará a posição.
Olavo de Carvalho rompe de vez com Vélez
O filósofo Olavo de Carvalho , apontado como responsável pela indicação de Vélez para a posição de titular da pasta da educação, rompeu de vez com o ministro. Em uma publicação nas redes sociais, o guru ideológico de Bolsonaro atacou as convicções de Vélez e ainda disse que não se aborreceria com uma possível queda do ministro.
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"Conheci o prof. Velez por seus livros sobre a história do pensamento brasileiro, publicados mais de vinte anos atrás. Nunca tomei conhecimento das suas obscenas tucanadas e clintonadas, que teriam me prevenido contra o seu comportamento traiçoeiro. Não vou fazer nada contra ele, mas garanto que não vou lamentar se o botarem para fora do ministério", escreveu Olavo .
Vélez é pivô de maior crise ministerial do governo Bolsonaro. A pasta de educação sofre com constantes exonerações e já se envolveu em polêmicas que desagradaram a base do governo, a oposição e até o eleitorado de Bolsonaro.
A última queda importante foi a de Bruno Garschagen, assessor especial e um dos integrantes mais próximos ao ministro Ricardo Vélez, e o chefe de gabinete do MEC. O presidente do Inep, Marcus Vinicius Rodrigues, também caiu por adiar avaliação sobre alfabetização de alunos do ensino básico em dois anos sem consultar outros membros da pasta.
O cargo de secretário-executivo da pasta, ou seja, o "número dois" do ministério, é um dos mais emblemáticos. Membro do Centro Paula Souza, Luís Antônio Tozi assumiu o cargo logo no início do governo. Após críticas de Olavo de Carvalho, guru ideológico do presidente Jair Bolsonaro, Tozi foi demitido junto com outros atacados pelo filósofo. No mesmo dia, alunos de Olavo que ocupavam cargos na pasta também pediram exoneração.
Colega de Tozi no Paula Souza, Rubens Barreto da Silva foi anunciado para a posição, mas Vélez voltou atrás e desistiu da nomeação de Barreto, que também era um dos criticados por Olavo de Carvalho. Dias depois, o ministro indicou Iolene Lima, favorita da ala evangélica, para o cargo. Oito dias depois, no entanto, a própria Iolene foi às redes sociais para dizer que foi demitida logo depois de assumir o cargo.
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Quem acabou ficando com a vaga foi o tenente-brigadeiro Ricardo Machado Vieira, o que enfraqueceu ainda mais Vélez, aumentando os rumores da demissão do ministro.
Ricardo Vélez Rodríguez assumiu o MEC por indicação de Olavo de Carvalho. O filósofo, que é um dos homens de confiança do presidente Jair Bolsonaro, também emplacou a indicação de Ernesto Araújo para o Ministério das Relações Exteriores. Curiosamente, são os dois ministros indicados por Olavo estão recebendo mais críticas, tanto da oposição, como da base do governo.