O presidente em exercício Hamilton Mourão declarou, em conversa com jornalistas nesta quinta-feira (21), que a prisão do ex-presidente Michel Temer (MDB) é "muito ruim para o País", assim como disse a respeito da prisão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Eu já falei sobre a mesma situação do presidente Lula. É muito ruim para o país você ter um ex-presidente preso. Agora, seguem as investigações", declarou o general sobre a prisão de Temer . O vice assume o cargo de presidente interino até sábado, quando Bolsonaro retorna da viagem que faz ao Chile. Bolsonaro, por sua vez, ainda não falou nada sobre o tema.
Mourão disse ainda que não acredita que a prisão do ex-presidente atrapalhe as votações no Congresso. "Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Realidade é que fica todo mundo naquela situação igual cachorro em canoa: querendo se equilibrar", afirmou.
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Entenda a prisão de Michel Temer
O ex-presidente responde a dez inquéritos, cinco deles em primeira instância e cinco no Supremo Tribunal Federal. O mandado de prisão foi assinado pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
A prisão do emedebista aconteceu por conta da Operação Descontaminação , que investiga reformas em usinas. A delação do José Antunes Sobrinho, dono da Engevix, foi fundamental para o surgimento da operação, que é desdobramento das operações Radioatividade, Pripyat e Irmandade, todas oriundas da Lava Jato .
O empresário contou à Polícia Federal que, em 2014, pagou R$ 1,1 milhão em propina, a pedido do Coronel Lima e do ex-ministro Moreira Franco, também presos. Ainda segundo o delator, o ex-presidente tinha conhecimento do esquema. A Engevix fechou um contrato para realizar um projeto na usina de Angra 3.
A investigação ainda apurou um contrato assinado com a AF Consult, consórcio integrado pela Argeplan, empresa que pertence ao Coronel Lima, com o objetivo de repassar dinheiro de propina ao ex-presidente.
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O Ministério Público Federal disse, por meio de nota oficial, que o esquema pode ter movimentado até R$ 1,8 bilhão. Para Bretas, Temer era "o líder da organização criminosa" e o "responsável pelos atos de corrupção" descritos na decisão. Ele foi detido em São Paulo e será encaminhado para a sede da Polícia Federal do Rio.