Episódios como o do tiroteio que aconteceu nesta manhã na cidade de Suzano , na Grande São Paulo, não mudarão a disposição dos aliados do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em relação à flexibilização do porte de armas de fogo. A declaração é do deputado Capitão Augusto (PR-SP), coordenador da bancada da segurança pública da Câmara, conhecida como ‘bancada da bala’.
Segundo o político, o tiroteio que deixou, até o momento, 10 mortos na escola estadual Professor Raul Brasil, nesta quarta-feira (13), poderia ter sido evitado caso os “cidadãos de bem” que estavam no local portassem armas de fogo. “Isso não interfere absolutamente em nada na política que nós temos de flexibilizar o porte de arma. Isso é uma questão muito racional, muito estudada, não é um fato ou outro como esse que vai fazer com que a gente desista”, declarou Augusto à CBN .
Da mesma forma relatou o senador Major Olímpio (PSL-SP), que apontou “fracasso da política desarmamentista” e alegou que a tragédia poderia ter sido evitada caso os funcionários estivessem portando armas de fogo no momento em que a escola foi invadida.
"Se tivesse um cidadão com arma regular dentro da escola, professor, servente, um policial militar aposentado, ele poderia ter minimizado o tamanho da tragédia. Vamos, sem hipocrisia, chorar os mortos e discutir a legislação, e onde estamos sendo omissos", comentou Olímpio durante reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado.
O senador ainda afirmou que a situação não pode ser usada como exemplo contra o projeto de flexibilização do porte de armas, já que os armamentos utilizados na tragédia tiveram origem ilegal e foram usados por “pessoas ilegais”.
Além da revogação do estatuto do desarmamento, Major Olímpio tem como uma das suas principais pautas a redução da maioridade penal, que prevê a possibilidade de prender qualquer pessoas a partir dos 12 anos, assunto que também trouxe à tona após a tragédia em Suzano . De acordo com o senador, as políticas de segurança pública deveriam ser revistas e a maioridade penal, reduzida.
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Enquanto isso, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) discordou dos políticos e afirmou que o tiroteio é capaz de dar mais força para que a oposição consiga barrar medidas que flexibilizam o porte de armas de fogo.
“Isso é gravíssimo, porque o acesso à arma é algo que vai gerar a distribuição de armas para a população brasileira e uma multiplicação de acesso a essa arma letal, gerando muito mais tragédias no Brasil. As pessoas vão encarar a arma como o instrumento para a solução de seus problemas em qualquer lugar: no ambiente familiar, aumentando o feminicídio, no ambiente urbano, das ruas, e nos ambientes de convívio coletivo”, comentou, à CBN .
Nas redes sociais, diversos políticos e personalidades lamentaram a tragédia e prestaram apoio às famílias das vítimas. “Expresso meu repúdio a essa manifestação de violência. Acompanharei de perto a apuração dos fatos", escreveu o ministro da Educação, Ricardo Vélez.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), cancelou toda a agenda prevista para hoje e declarou três dias de luto oficial no estado. Até o momento, o presidente Jair Bolsonaro ainda não se manifestou sobre o tiroteio em Suzano e nem sobre a tramitação da flexibilização do porte de armas , prevista para ser iniciada no próximo semestre.