O Ministério do Turismo se manifestou, através de nota oficial, sobre a deflagração da Operação Fantoche, que investiga desvios em contratos da pasta e com empresas privadas. De acordo com o comunicado, todos os investigados pertencem às gestões anteriores e o ministério não foi alvo de nenhum mandado de busca e apreensão.
Leia também: Presidente da CNI é preso em investigação de desvios em contratos do Sistema S
"Todos os convênios investigados pela Polícia Federal são das gestões dos presidentes petistas Lula e Dilma Rousseff. Desde 2012, o Ministério do Turismo não celebra nenhum convênio com a iniciativa privada, apenas com órgãos públicos", diz a nota do Ministério do Turismo
.
"A atual gestão do Ministério do Turismo não assinou nenhum convênio até o momento. Além disso, a Pasta já havia determinado uma auditoria completa em todos os instrumentos de repasse antes mesmo de tomar conhecimento da investigação da Polícia Federal, ação que resultou no cancelamento de um contrato no valor de R$ 1 milhão."
A Operação Fantoche, deflagrada nesta terça-feira (19), pela Polícia Federal, investiga desvios em contratos de empresas que prestam serviços ao Ministério do Turismo e às empresas do Sistema S. Todos os CNPJs são controlados por pessoas da mesma família e eles têm convênios com os órgãos desde 2002. É estimado que as empresas tenham recebido cerca de R$ 400 milhões nesse período.
De acordo com a Polícia Federal , são cumpridos 40 mandados de busca e apreensão e dez de prisão temporária nos estados de Distrito Federal, Pernambuco, São Paulo, Paraíba, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Alagoas pelos crimes contra a administração pública, fraudes licitatórias, associação criminosa e lavagem de ativos.
Ainda segundo a investigação, o presidente Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, foi detido em São Paulo. Ricardo Essinger, presidente da Federação das Indústria de Pernambuco (Fiepe) também é alvo de mandato de prisão, assim como Francisco de Assis Benevides Gadelha, presidente da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (Fiep-PB) e José Carlos Lyra de Andrade presidente da Federação das Indústrias de Alagoas (FIEA). Os demais são membros das empresas investigadas.
Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que tem conhecimento de que o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, está na Polícia Federal, em Brasília. De acordo com a entidade ele está no local para prestar esclarecimentos. "A CNI não teve acesso à investigação e acredita que tudo será devidamente esclarecido. Como sempre fez, a entidade está à disposição para oferecer todas as informações que forem solicitadas pelas autoridades."
Leia também: Lava Jato prende suposto operador do PSDB e investiga endereços de Aloysio Nunes
A maioria dos contratos era para a realização do eventos culturais e de publicidade. De acordo com a investigação da Operação Fantoche , que conta com o apoio do Tribunal de Contas da União (TCU), os documentos eram superfaturados e alguns dos serviços não foram prestados. Os recursos seriam desviados por meio de empresas sem fins lucrativos de fachada.
Ministro do Turismo sabia sobre laranjas, diz ex-candidata
A Operação Fantoche não é o único escândalo no qual a pasta está envolvida. A professora aposentada Cleuzenir Barbosa, disse ao jornal Folha de São Paulo que o hoje ministro Marcelo Álvaro Antônio, sabia do esquema de candidaturas laranjas do PSL em Minas Gerais. Ela foi uma das candidatas da sigla no estado.
“Era o seguinte: nós mulheres iríamos lavar o dinheiro para eles. Esse era o esquema. O dinheiro viria para mim e retornaria para eles”, disse. Ela ainda acusou assessores do ministro de ameaça.
"Me mudei [para o exterior] exclusivamente por causa dessa situação. Peço para as mulheres que denunciem. Não fiquem caladas, se exponham, sim. Eu vou entrar com pedido de proteção à vítima. Esse povo é perigoso. Hoje eu sei, eles são uma quadrilha de bandidos."
Leia também: Agora é oficial! Exoneração de Bebianno é publicada no Diário Oficial da União
Uma outra reportagem da Folha de São Paulo
revelou que o ministro teria repassado verbas de campanha a quatro possíveis candidatas laranjas de Minas Gerais. Os repasses também teriam sido autorizados pelo ex-presidente do PSL Gustavo Bebianno, que acabou sendo exonerado do cargo de secretário geral da Presidência por Jair Bolsonaro.
O Ministério do Turismo negou as acusações. “A denunciante foi chamada a prestar esclarecimentos em diversas ocasiões e nunca apresentou provas ou indícios que atestassem a veracidade das acusações”, disse o ministro Marcelo Álvaro Antônio. Ainda de acordo com o política, Cleuzenir foi "aposentada por sentença judicial que reconheceu distúrbios psiquiátricos incapacitantes total e permanentes."