O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, comentou nesta terça-feira (19), a separação do pacote anticrime , que separou o crime de caixa dois dos projetos que tratam de corrupção, crime organizado ou crimes violentos, alegando que o caixa dois não têm a mesma gravidade que os demais delitos.
"Houve uma reclamação por parte de alguns agentes políticos de que o caixa dois é um crime grave, mas não tem a mesma gravidade que corrupção, que crime organizado e crimes violentos. Então, acabamos optando por colocar a criminalização à parte, mas que está sendo encaminhada ao mesmo momento", disse Sérgio Moro .
De acordo com o ministro, o governo quer levar a proposta ao Congresso para convencer os parlamentares sobre o acerto e está aberto a sugestões. Ele ainda disse que dividir o pacote anticrime é uma "estratégia" que partiu de "reclamações razoáveis de parlamentares".
Leia também: Supostas candidaturas laranjas no PSL estão sendo apuradas, afirma Moro
"Caixa dois não é corrupção. Existe o crime de corrupção e existe o crime de caixa dois. Os dois crimes são graves. Aí é uma questão técnica. Explicar ao ouvinte que existe o crime de corrupção , previsto no artigo 307 do Código Penal e existe o caixa dois que hoje está previsto no 350 do Código Eleitoral, que é um crime que não está muito adequadamente tipificado", completou.
No entanto, em 2017, durante uma palestra para estudantes brasileiros na Universidade de Harvard, quando ainda ocupava o cargo de juiz federal, Moro defendeu que o crime de caixa dois era pior do que o de corrupção e um "crime contra a democracia".
"Temos que falar a verdade, caixa dois nas eleições é trapaça, é um crime contra a democracia. Me causa espécie quando alguns sugerem fazer uma distinção entre a corrupção para fins de enriquecimento ilícito e a corrupção para fins de financiamento ilícito de campanha eleitoral", disse à época.
"Para mim, a corrupção para financiamento de campanha é pior que para o enriquecimento ilícito. Se eu peguei essa propina e coloquei em uma conta na Suíça, isso é um crime, mas esse dinheiro está lá, não está mais fazendo mal a ninguém naquele momento. Agora, se eu utilizo para ganhar uma eleição, para trapacear uma eleição, isso para mim é terrível", completou o ex-juiz.
Leia também: "Não seremos condescendentes com criminalidade", diz Moro em reunião
De acordo com Sérgio Moro , o objetivo do pacote anticrime é endurecer o combate a crimes violentos, como o homicídio e o latrocínio, e também agir contra a corrupção e as organizações criminosas. O projeto foi assinado pelo presidente Bolsonaro nesta terça-feira (19).