Promotor se declara suspeito de investigar Flávio Bolsonaro no caso Queiroz
Cládio Calo alegou "questão pessoal" para abrir mão da investigação; ele já havia apoiado o filho do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais
O promotor Claudio Calo decidiu se declarar impedido para cuidar do caso que investiga movimentações financeiras atípicas de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Em uma nota enviada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, Calo alegou “questão de cunho pessoal”.
A decisão de abrir mão da investigação veio após a repercussão de que Calo já teria se encontrado com Flávio Bolsonaro . Além disso, o promotor já teria apoiado o senador nas redes sociais.
De acordo com o promotor, “após profunda reflexão jurídica, em respeito à imagem do MPRJ e às investigações relativas aos relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), até mesmo diante da repercussão que o episódio vem tendo na mídia, juridicamente entendi ser mais oportuno que a investigação sobre o senador Flávio Bolsonaro seja conduzida pela Promotoria de Justiça de Investigação Penal tabelar”.
Na decisão, o promotor ressalta que as demais investigações sobre funcionários da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro ( Alerj ) que estavam com o procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), Eduardo Gussem, continuarão sendo presididos por Calo.
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Entenda o caso envolvendo o ex-assesso de Flávio Bolsonaro
O caso nasceu graças a uma investigação iniciada com a Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, que analisa a ação de deputados estaduais da Assembleia Legislativa (Alerj) em contratos.
Segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras ( Coaf ), órgão responsável por identificar movimentações financeiras, Fabrício Queiroz, ex-assessor parlamentar de Flávio, recebia sistematicamente transferências bancárias e depósitos feitos por oito funcionários que trabalharam ou ainda trabalham no gabinete do deputado na Alerj. Os valores suspeitos giram em torno de R$ 1,2 milhão. O Ministério Público quer esclarecer essas movimentações.
Entre as movimentações financeiras atípicas registradas pelo Coaf, há também a compensação de um cheque de R$ 24 mil pago à primeira-dama, Michelle Bolsonaro, além de saques fracionados em espécie no mesmo valor dos depósitos suspeitos feitos nas respectivas vésperas.
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Chamado para depor sobre o caso Queiroz duas vezes, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro não compareceu ao Ministério Público. Sua defesa alegou que o suspeito enfrenta problemas de saúde e, por isso, não pôde prestar os depoimentos.