O governo federal não vai interferir na direção da Vale como reação ao rompimento da barragem da mineradora que provocou desastre na cidade de Brumadinho , em Minas Gerais. É o que assegurou o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, nesta terça-feira (29), após reunião do conselho ministerial, em Brasília.
Onyx ponderou que é necessário aguardar o avanço das investigações a respeito da tragédia – que, até o momento, soma ao menos 65 mortes e 288 desaparecidos. O ministro avaliou que eventual intervenção do governo pelo afastamento da atual diretoria da Vale "não seria uma boa sinalização para o mercado".
“Temos que aguardar o andamento das investigações. Não há condição de haver qualquer grau de intervenção", disse Onyx, acrescentando que a ação golden share que o governo detém junto à mineradora não o habilita a tomar medida tão drástica. "Essa posição não permite interferência na gestão propriamente dita. Essa é uma decisão do Conselho de Administração [da empresa]”, disse.
A posição de Onyx vai no sentido contrário ao que o presidente em exercício, general Hamilton Mourão (PRTB), havia indicado nessa segunda-feira (29). Mourão defendeu que os culpados pela tragédia em Brumadinho fossem penalizados "no bolso" e disse que o governo estudava o afastamento da diretoria da Vale. A existência desse estudo foi confirmada no fim da tarde pelo porta-voz da Presidência, Otávio Santana do Rêgo Barros.
Um dos principais advogados da mineradora, Sergio Bermudes disse ontem que nenhum dos diretores da empresa iria renunciar ao cargo , pois isso "perturbaria a continuidade das medidas" que a companhia tem adotado em relação ao rompimento da barragem.
Dentre essas medidas está o anúncio de doação de R$ 100 mil a cada uma das famílias das vítimas da lama em Brumadinho , feito no fim da tarde dessa segunda-feira. A empresa também se comprometeu a instalar uma cortina de contenção para tentar evitar o avanço dos rejeitos pelo Rio Paraopeba.
Já nesta terça-feira, a mineradora nomeou o executivo Cláudio Alves para liderar o chamado "Grupo de Resposta Imediata", que coordena ações da empresa no atendimento aos atingidos pela tragédia ocorrida no último dia 25 de janeiro. Segundo a Vale , a companhia tem como "prioridade máxima" "apoiar nos resgates para ajudar a preservar e proteger a vida de empregados e das comunidades locais".
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*Com informações da Agência Brasil