"Perseguição ideológica não é saudável", diz futuro ministro do Meio Ambiente

Em entrevista ao jornal Estado de S.Paulo, o advogado afirma que ações da pasta serão todas pautadas pela lei, e não por política

Nomeado pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, o advogado Ricardo Salles será o futuro ministro do Meio Ambiente. Em entrevista ao jornal Estado de S.Paulo, Salles diz que a palavra durante sua gestão será "harmonizar" e defendeu ainda que a perseguição ideológica não é saudável pra ninguém.

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Foto: Reprodução/Facebook
Ricardo Salles será o ministro do Meio Ambiente no Governo Bolsonaro

Ricardo Salles assume em meio a polêmica fusão entre os ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura. Mas vê a medida do presidente como uma tentativa para que haja o diálogo entre todos os setores. "Foi um setor perseguido por órgãos ambientais em administrações passadas. Essa perseguição ideológica não é saudável para ninguém.".

O futuro ministro admitiu preocupação com o que presidente eleito Bolsonaro chamou de indústria da multa do Ibama. "O que verificamos aqui em São Paulo foi que, de fato, há uma precipitação em impor sanções. Muitas vezes, quando se debruça sobre os casos concretos para verificar se tudo está devidamente fundamentado e foi dado direito de defesa, se verifica que esse devido processo legal não foi observado. Essa é a nossa preocupação."

Durante entrevista, o advogado que as decisões tomadas pela pasta serão sempre pautadas pela lei "Deixemos discussões ideológicas de lado e tenhamos discussões técnicas, fundamentadas em números, em questões concretas", diz o futuro ministro do Meio Ambiente .

Para combater o desmatamento da Amazônia, Salles promete levantar informações específicas de onde e por que esse desmatamento ocorreu. E pede para que ONGs, ambientalistas e órgãos de conservação fiquem tranquilos já que irá atuar de maneira legalista. "Temos um Código Floresta, que será cumprido.".

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Ricardo Salles foi questionado se o apoio que recebeu da Sociedade Rural Brasileira poderia ser interpretado como a perda de poder para o agronegócio. O futuro ministro rebateu:

"Infelizmente, durante anos se contrapôs no Brasil, por uma questão dogmática e ideológica, o meio ambiente com diversos setores produtivos. Não me refiro exclusivamente à agropecuária, mas a todos: ao setor imobiliário, à indústria, ao comércio. Estamos falando de setores importantíssimos para a geração de emprego, de renda, do desenvolvimento. O não desenvolvimento econômico gera consequências inclusive para o meio ambiente. Nós vimos isso aqui em São Paulo, como a falta de desenvolvimento econômico causou abandono do saneamento, do cuidado com os rios, a invasão de propriedade, a degradação dessas propriedades... O que a gente precisa fazer? A palavra é harmonizar a defesa do meio ambiente com o apoio ao desenvolvimento econômico em todos os setores produtivos, sem discriminar nenhum deles".

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Ricardo Salles encerrou a entrevista dizendo que sua escolha em aceitar o convite de Bolsonaro foi pessoal e que isso não significa apoio do Novo (partido de Salles). "Não tem nenhuma relação político-partidária", diz o advogado.