Agentes da Polícia Federal (PF) cumprem, desde as primeiras horas desta quarta-feira (5), mandados relacionados à 57ª fase da Operação Lava Jato, batizada de “Sem Limites”. Essa fase da operação investiga o pagamento de pelo menos US$ 31 milhões em propinas para funcionários da Petrobras.
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De acordo com as informações reveladas pela PF, o pagamento de propina teria sido feito entre 2009 e 2014, por grandes empresas do mercado de petróleo e derivados – conhecidas como tradings. Ao todo, nessa fase da Lava Jato , estão sendo executados 11 mandados de prisão preventiva, 27 de busca e apreensão e 1 de intimação, todos expedidos pelo Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba.
Dos 11 mandados de prisão expedidos, dez são cumpridos na capital do Rio de Janeiro e um em Niterói. Entre os mandados de busca, também há dois em Petrópolis, na região serrana do Rio, e um em Curitiba. Os presos serão levados para Curitiba, onde responderão por crimes como o de corrupção, organização criminosa, crimes financeiros e de lavagem de dinheiro.
De acordo com as investigações, uma organização criminosa lesou a Petrobras na área de compra e venda de petróleo e derivados por ou para empresas estrangeiras. O esquema teria operado com o envolvimento de funcionários da estatal. Dentre as empresas investigadas com atuação internacional, estão gigantes com faturamento superior ao da Petrobras, como Vitol, Trafigura e Glencore.
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Há suspeitas ainda de que essas três empresas efetuaram pagamentos de propina para intermediários e funcionários da Petrobras nos montantes, respectivamente, de US$ 5,1, US$ 6,1 e US$ 4,1 milhões, relacionadas a mais de 160 operações de compra e venda. Além dessas empresas, outras trading companies ainda continuam sendo investigadas por suspeitas de pagamento de propinas aos funcionários da Petrobras.
Segundo as investigações, o grupo agia com a intenção de garantir vantagens indevidas a executivos e ganhos acima dos praticados pelo mercado às empresas envolvidas, que também teriam realizado negócios irregulares de locação de tanques de armazenagens.
A PF detalhou ainda que as operações de compra e venda de petróleo e derivados eram de responsabilidade da Diretoria de Abastecimento, mas não necessitavam de aprovação prévia da diretoria para ocorrer.
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Para a procuradora da República Jerusa Burmann Viecili, integrante da força-tarefa Lava Jato no Ministério Público Federal em Curitiba, “as operações da área comercial da Petrobras no mercado internacional constituem um ambiente propício para o surgimento e pulverização de esquemas de corrupção, já que o volume negociado é muito grande e poucos centavos a mais, nas negociações diárias, podem render milhões de dólares ao final do mês em propina”.
* Com informações da Agência Brasil.