Na presença de dezenas de juristas, que lançaram nesta quinta-feira (18) uma moção de apoio ao candidato do PT à Presidência da República com mais de 1,5 mil assinaturas, Fernando Haddad chamou de “tentativa de fraude eleitoral” as denúncias publicadas sobre a suposta existência de um grupo de empresários que financia o envio em massa de mensagens falsas na internet. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo , uma milionária campanha anti-PT no Whatsapp teria sido paga por esses empresários.
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“O que está hoje nos jornais não são indícios de que houve crime, são provas”, afirmou o candidato, sobre a suposta campanha anti-PT no Whatsapp . “Não é um problema moral [apenas], é crime. É penal.” O candidato do PT disse que vai apresentar denúncias à Polícia Federal e à Justiça Eleitoral para que sejam tomadas as providências.
Ao discursar para os juristas, Haddad detalhou as informações publicadas na imprensa. “Por meio de caixa 2, eles resolveram financiar uma campanha de difamação, de inverdades. Todas as mensagens do WhatsApp foram direcionadas a minha pessoa, com inverdades a meu respeito e a minha família. Eu acho extremamente grave. Eu nunca tinha visto isso acontecer nas campanhas eleitorais.”
Haddad prometeu denunciar a suposta fraude em todas instâncias possíveis. De acordo com o candidato, o próprio Bolsonaro teria requisitado a medida a empresários que o apoiam. "Vamos levar ao conhecimento da Justiça todos os indícios, alguns que estão nos chegando agora de reuniões que ele [Bolsonaro] de viva voz pediu o apoio via WhatsApp ".
O ex-ministro da Educação disse que quer, ainda, a punição dos empresários envolvidos. "Vou buscar a reparação até as últimas consequências. Os empresários que se envolveram na montagem de organização criminosa de empresários via caixa dois vão ter que responder judicialmente".
O candidato do PSL, Jair Bolsonaro , disse em entrevista não ter controle sobre o que fazem seus apoiadores. "Eu não tenho controle se tem empresário simpático a mim fazendo isso. Eu sei que fere a legislação. Mas eu não tenho controle, não tenho como saber e tomar providência", disse.
Ele afirmou, ainda, que o caso pode ser fruto de uma orquestração contra ele. "Pode ser gente até ligada à esquerda que diz que está comigo para tentar complicar a minha vida me denunciando por abuso de poder econômico", especulou.
A reportagem informa que empresas estão contratando o serviço de disparo de mensagens por aplicativo de celular com contratos que podem chegar a R$ 12 milhões. O serviço, segundo o jornal, se vale da utilização de números no exterior para enviar centenas de milhões de mensagens, burlando as restrições que o WhatsApp impõe a usuários brasileiros.
As atividades envolvem o uso de cadastros vendidos de forma irregular. A legislação eleitoral só permite o uso de listas elaboradas voluntariamente pelas próprias campanhas. O financiamento empresarial de campanha também é proibido.
Para Haddad, a difusão de mensagens falsas seria a responsável pelo crescimento das intenções de voto a favor de Jair Bolsonaro (PSL). “Eu temo que a Justiça Eleitoral, inibida pela violência, que a imprensa, inibida pela violência, não cumpra as suas funções constitucionais”, disse.
Ilegal, suposta campanha anti-PT no Whatsapp pode levar ao questionamento do 1º turno
O PDT de Ciro Gomes , terceiro colocado no primeiro turno das eleições de 2018, pretende questionar no Tribunal Superior Eleitoral o resultado do pleito baseado nas acusações de abuso de poder econômico e caixa 2 por parte da campanha de Jair Bolsonaro.
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"Eles estão praticando uma ilegalidade grave que pode ter influenciado no processo eleitoral", disse Carlos Lupi, presidente nacional do partido, para quem a prática configura "fraude".
Haddad foi no mesmo tom: "Ele [Bolsonaro] tentou fraudar a eleição. Felizmente não deu [para ele vencer] no primeiro turno, senão isso tudo iria para debaixo do tapete. O segundo turno tem que ser entre mim e Ciro", disse.
O Partido dos Trabalhadores também se manifestou sobre o caso, pedindo que sua investigação fique à cargo da Polícia Federal.
"É uma ação coordenada para influir no processo eleitoral, que não pode ser ignorada pela Justiça Eleitoral nem ficar impune. O PT requereu nesta quarta (17), à Polícia Federal, uma investigação das práticas criminosas do deputado Jair Bolsonaro. Estamos tomando todas as medidas judiciais para que ele responda por seus crimes, dentre eles o uso de caixa 2, pois os gastos milionários com a indústria de mentiras não são declarados pelo PSL", diz a nota sobre a campanha anti-PT no Whatsapp .
* Com informações da Agência Brasil
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