Se por um lado a Câmara dos Deputados e o Senado tiveram sua maior renovação desde a redemocratização do país, por outro mais da metade dos governos estaduais podem continuar a ser comandados por velhos conhecidos. Isso porque sete dos atuais governadores já foram reeleitos no primeiro turno e outros sete ainda podem vencer a disputa no segundo, marcado para o próximo dia 28.
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O Nordeste é a região que concentra o maior número de estados onde a renovação deve ficar para as próximas eleições. Das nove unidades federativas nordestinas, seis escolheram manter seus governadores já no pleito do último dia 7: Alagoas (Renan Filho, MDB); Bahia (Rui Costa, PT); Ceará (Camilo Santana, PT); Maranhão (Flávio Dino, PCdoB); Pernambuco (Paulo Câmara, PSB); e Piauí (Wellington Dias, PT).
No Tocantins, na região Norte, Mauro Carlesse (PHS) completa a lista de governadores reeleitos no primeiro turno. O caso de Carlesse é particular: ele assumiu o cargo apenas em junho deste ano após a cassação de Marcelo Miranda (MDB), então governador, e sua vice Cláudia Lelis (PV). A chapa foi condenada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por captação ilegal de recursos durante a campanha de 2014.
No segundo turno, porém, todas as regiões do país estão representadas por pelo menos um candidato à reeleição. Por Amapá e Amazonas, concorrem Waldez Góes (PDT) e Amazonino Mendes (PDT), respectivamente; no Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD); por Distrito Federal e Mato Grosso do Sul, Rodrigo Rollemberg (PSB) e Reinaldo Azambuja (PSDB); em São Paulo, Márcio França (PSB); no Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (MDB).
Figurinhas repetidas
Em alguns estados, a máxima “o bom filho à casa torna” não é apenas um ditado popular. O petista Waldez Góes, por exemplo, concorre ao cargo de governador do Amapá pela quarta vez – e à reeleição pela segunda. Góes comandou o estado pela primeira vez de 2003 a 2010, quando deixou o posto para concorrer ao Senado, e voltou a ser eleito no pleito de 2014.
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O pedetista Amazonino Mendes é outra figurinha carimbada no rol de governadores amazonenses e disputa o cargo pela quinta vez. Mendes comandou o estado nortista de 1987 a 1990, quando renunciou para concorrer (e vencer) ao Senado, de 1995 a 2002 e de outubro de 2017 até agora, tendo assumido o governo após a cassação de José Melo (PROS) e seu vice Henrique Oliveira (Solidariedade).
No Espírito Santo, o candidato eleito já no último dia 7, Renato Casagrande (PSB), é velho conhecido dos eleitores capixabas, tendo governado o estado de 2011 a 2014. O atual governador Paulo Hartung (MDB) não concorreu à reeleição e seu partido tampouco lançou candidatos neste pleito.
Entre os governadores reeleitos já no primeiro turno, o petista Wellington Dias já não é novidade para nenhum piauiense. Assim como seu correligionário amapaense, Dias concorre ao cargo de governador pela quarta vez e à reeleição pela segunda, tendo comandado o estado nordestino pela primeira vez de 2003 a 2010.
Exceções
O número de governadores reeleitos poderia ser ainda maior se todos tivessem participado deste pleito. Em três estados, os atuais governantes não tentaram a reeleição e seus partidos também não lançaram candidatos que poderiam substituí-los: Pará (Simão Jatene, PSDB), Rondônia (Daniel Pereira, PSB) e Sergipe (Jackson Barreto, MDB).
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No Acre, o atual governador Tião Viana (PT) não concorreu à reeleição porque já está em seu segundo mandato consecutivo. Seu correligionário Marcus Alexandre ficou em segundo lugar (34,5%) na disputa pelo comando do estado, ficando atrás de Gladson Cameli (PP), que conquistou 53,7% dos votos válidos e foi eleito já no primeiro turno.
No Rio de Janeiro de Luiz Fernando Pezão (MDB), a situação é semelhante. Pezão também não pôde concorrer à reeleição porque já está em seu segundo mandato seguido, ainda que o primeiro tenha começado apenas em 2014 após a renúncia de Sérgio Cabral, também filiado ao MDB. Seu partido, ao contrário do que aconteceu no Acre, não lançou um candidato que pudesse sucedê-lo no cargo.
Na Paraíba, porém, a influência do atual governador Ricardo Coutinho (PSB) trouxe resultados mais satisfatórios. Apesar de Coutinho não ter concorrido à reeleição pelos mesmos motivos de Viana e Pezão, seu partido conseguiu eleger João Azevêdo já no último dia 7 com quase 58,2% dos votos – e larga vantagem sobre o segundo colocado Lucélio Cartaxo (23,4%), do PV.
Recorte por partido
As legendas mais à esquerda dominaram a lista de reeleitos em 2018. O PT, partido do presidenciável Fernando Haddad , garantiu a manutenção de três de seus representantes no comando de seus respectivos estados já no primeiro turno: Rui Costa (BA), Camilo Santana (CE) e Wellington Dias (PI).
O PSB também tem três representantes nas eleições estaduais deste ano, mas somente um – Paulo Câmara (PE) – foi reeleito no domingo passado. Se conseguir vencer as eleições no Distrito Federal e em São Paulo, a sigla ainda terá os governadores Rodrigo Rollemberg e Márcio França no seu rol de reeleitos.
O PDT aparece logo em seguida, com dois candidatos – Waldez Góes (AP) e Amazonino Mendes (AM) – ainda concorrendo ao cargo de governador. O PCdoB de Flávio Dino (MA), já reeleito no primeiro turno, completa a lista de legendas de esquerda com representantes nos governos estaduais.
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As exceções ficam por conta dos centristas PSDB, PSD e MDB e do centro-direitista PHS. Os dois primeiros ainda disputam a reeleição dos governadores Reinaldo Azambuja e Belivaldo Chagas no Mato Grosso do Sul e no Sergipe, respectivamente; o terceiro já reelegeu Renan Filho em Alagoas e tenta fazer o mesmo com José Ivo Sartori no Rio Grande do Sul; o último, por fim, reelegeu o tocantinense Mauro Carlesse no primeiro turno.