Após a repercussão de uma matéria da revista Veja com acusações contra o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) aproveitou a deixa para ressaltar duas propostas do seu plano de governo: “tipificar o crime de enriquecimento ilícito no Código Penal e obrigar agente público a comprovar a origem de seus bens. Se não comprovar, patrimônio é confiscado”.
O tucano também classificou a reportagem da Veja sobre Jair Bolsonaro como “muito grave porque retrata ocultação de patrimônio”. “Toda denúncia tem que ser investigada e esclarecida”, escreveu Alckmin em uma postagem no Twitter.
Tenho duas propostas importantes: tipificar o crime de enriquecimento ilícito no Código Penal e obrigar agente público a comprovar a origem de seus bens. Se não comprovar, patrimônio é confiscado.
— Geraldo Alckmin (@geraldoalckmin) 28 de setembro de 2018
A matéria da revista, divulgada nesta sexta-feira (28), traz uma serie de acusações feitas pela advogada Ana Cristina Valle, ex-mulher de Bolsonaro, que o acusou de furtar um cofre de um banco, de ocultar patrimônio e de receber pagamentos não declarados, além de possuir um "comportamento explosivo" de "desmedida agressividade".
Segundo a publicação, a revista teve acesso a um processo de mais de 500 páginas movido por Ana Cristina contra o candidato do PSL. A ação foi aberta durante o processo de divórcio entre eles. Ela foi a segunda esposa do presidenciável e a união entre eles durou dez anos.
De acordo com o texto, Bolsonaro teria furtado US$ 30 mil e R$ 800 mil de um cofre que a então esposa mantinha em uma agência do Banco do Brasil. Ela também afirmou que sofria ameaças de morte vindas do parlamentar, e contou que resolveu se separar por causa do “comportamento explosivo” e da “desmedida agressividade” de Bolsonaro.
Pelas acusações sobre o caso do cofre, a advogada foi chamada duas vezes para depor. Porém, ela não compareceu a qualquer audiência e, em 2017, o caso foi encerrado sem esclarecimentos.
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No longo processo, ainda segundo a revista, a ex-mulher de Bolsonaro afirma que o parlamentar chegava a receber R$ 100 mil por mês, sendo que R$ 26,7 mil eram oriundos de seu cargo público como deputado federal, R$ 8,6 mil vinham de aposentadoria militar e o resto vinha através de "outros proventos", que ela não especificou quais seriam.
Bolsonaro também, segundo a ex-esposa, teria ocultado patrimônio pessoal da Justiça Eleitoral em 2006, quando foi candidato a deputado federal. Na ocasião, ele declarou bens que somavam, na época, R$ 433,9 mil.
Porém, em outra relação de bens apresentada por Ana Cristina, e na declaração do Imposto de Renda do ex-marido, eram citadas mais três casas, um apartamento, uma sala comercial e cinco lotes, omitidos por Bolsonaro à Justiça Eleitoral. Hoje, somados, os bens que teriam sido omitidos pelo então candidato a deputado teriam o valor de R$ 7,8 milhões.
A ação contra Bolsonaro foi aberta em 2008 na 1ª Vara de Família do tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, assim que o casal se separou. Juntos, tiveram um filho chamado Renan.
Hoje, Ana é apoiadora do ex-marido nas eleições, e recentemente negou que tenha denunciado Bolsonaro por ameaças. Segundo a própria revista Veja, confrontada pelas afirmações dadas em processo, Ana disse que "quando você está magoado, fala coisas que não deveria".
Atualmente, a ex-esposa de Jair Bolsonaro continua usando o sobrenome dele, mesmo separada. Ela concorre ao cargo de deputada federal pelo partido Podemos do Rio de Janeiro.