Campanha de Bolsonaro intensifica uso de vídeos e busca apoio de mulheres e gays

PSL desengavetou programas gravados antes de ataque e criou peças para afastar rejeição; aliados testam viabilidade de atos sem o candidato presente

Foto: Reprodução/Youtube
Internado desde que sofreu ataque a faca, no último dia 6, Jair Bolsonaro deve ter campanha centrada na internet

Os responsáveis pela campanha do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, decidiram intensificar a divulgação de vídeos produzidos antes de o ex-capitão do Exército ser  internado por conta do ataque a faca sofrido no último dia 6, em Juiz de Fora (MG).

O PSL começou a publicar nesta semana vídeos em que Jair Bolsonaro abandona o costumeiro tom combativo e apresenta sua carreira e propostas diante das câmeras. O partido também experimentou a produção de clipes curtos voltados a reduzir a rejeição do candidato junto ao eleitorado que apoia causas ligadas às mulheres e aos LGBTs. 

Em um desses vídeos, é exibida a pergunta "Bolsonaro disse que mulher deve ganhar menos do que homem?", questão respondida em seguida com a exibição de trecho de entrevista concedida pelo candidato a um programa de televisão. "É competência. Eu não vou pagar mais para um homem só porque é homem e menos para você, sendo você mais competente", diz Bolsonaro ao responder a uma mulher. 

O posicionamento do candidato a respeito da igualdade salarial entre homens e mulheres  se tornou um tema sensível à campanha do ex-capitão do Exército especialmente após sua entrevista ao Jornal Nacional ( TV Globo ), no fim do mês passado. Na ocasião, Bolsonaro  acabou repreendido pela apresentadora Renata Vasconcellos durante discussão sobre o tema, na qual ele afirmou que seu governo não iria propor políticas que garantam essa paridade salarial, pois essa premissa já consta da CLT.

O aceno ao público feminino surge num momento em que o grupo "Mulheres Unidas Contra Bolsonaro" ganhou espaço no noticiário ao superar a marca de 1 milhão de participantes no Facebook. Aliados do candidato chegaram a contestar essa adesão, mas o número foi comprovado real posteriormente.

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Além desse vídeo voltado às mulheres, há ainda uma segunda produção em que a pergunta de abertura é "Bolsonaro é homofóbico?". Nesse vídeo, divulgado até o momento somente pelo jornal Folha de S.Paulo , é exibido momento de descontração entre o deputado federal e o repórter e apresentador Amin Khader (que é homossexual) durante uma apresentação de humor.

Nos últimos dias, o staff do candidato do PSL à Presidência  vem enfrentando divergências internas sobre os rumos da campanha. Enquanto lideranças como o presidente do partido, Gustavo Bebiano, pregam a ideia de que "agora é guerra", outros têm defendido a estratégia de 'pacificação'. Dentro desse segundo grupo, há opiniões distintas sobre até que ponto é possível usar a imagem de Bolsonaro como vítima de intolerância sem que ele seja tomado como uma pessoa frágil.

A equipe de campanha retomou nesta semana a agenda de eventos públicos, muito embora o candidato a senador Major Olímpio, um dos principais aliados de Jair Bolsonaro , já reconheceu que o apelo desses comícios é muito limitado sem a presença do candidato. Pelas redes sociais, um dos filhos do ex-capitão do Exército, Flávio Bolsonaro, convocou os apoiadores de seu pai para "grande carreata " marcada para esse sábado (15), em Campo Grande (MS).