Fachin aceita desistência de pedido de liberdade de Lula

Defesa quis evitar que STF julgasse inelegibilidade do ex-presidente; petista ainda pode ser beneficiado por liminar que o autorize a disputar a eleição

Pedido de Lula poderia ser julgado nesta semana na Corte; Fachin defendia discutir a inelegibilidade do ex-presidente
Foto: Marcelo Camargo/Arquivo/Agência Brasil
Pedido de Lula poderia ser julgado nesta semana na Corte; Fachin defendia discutir a inelegibilidade do ex-presidente

A desistência da defesa do  ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva do recurso no qual pedia que ele tivesse assegurado seu direito de recorrer em liberdade contra a condenação no caso do tríplex em Guarujá (SP) foi homologada nesta quarta-feira (8) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin. O pedido de Lula poderia ser julgado nesta semana na Corte.

O recuo da defesa sobre o pedido de Lula foi feito para evitar uma discussão antecipada sobre a inelegibilidade do ex-presidente. Isso porque mesmo podendo ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa, por ter sido condenado na segunda instância da Justiça Federal, o petista ainda pode ser beneficiado por uma liminar que o autorize a disputar a eleição.

No recurso, a defesa almejava que fosse discutida somente uma eventual soltura de Lula. No entanto, evitava entrar no mérito sobre a inelegibilidade, questão que deve ser julgada primeiro pelo Tribunal Superior Eleitoral ( TSE ), antes de chegar ao STF. O ex-presidente tem até 15 de agosto para pedir o registro de sua candidatura.

Ao enviar o recurso para julgamento em plenário, em 22 de junho, Fachin entendeu que a inelegibilidade deveria ser logo discutida no Supremo. A defesa recorreu do entendimento, e agora desistiu do recurso, depois de o ministro defender publicamente celeridade na definição da situação eleitoral de Lula.

No pedido de desistência, os advogados alegaram também que “relevantes acontecimentos” ocorridos durante o recesso do Judiciário necessitavam de esclarecimento antes de o recurso ser julgado no STF. Eles se referiram à  batalha de liminares sobre a soltura de Lula envolvendo o desembargador Rogério Favreto e o juiz Sergio Moro, ocorrida em julho e ao fim da qual o ex-presidente permaneceu preso.

Defesa queria que pedido de Lula fosse julgado pela 2ª Turma

Foto: Reprodução/Le Monde
Recuo da defesa sobre o pedido de Lula foi feito para evitar uma discussão antecipada sobre a inelegibilidade

Na segunda-feira (6), a defesa do ex-presidente recorreu para que o pedido de suspensão da pena de prisão do petista apresentado ao fosse julgado na Segunda Turma do STF .

No pedido, a defesa do ex-presidente alega que o "juiz natural" é a Segunda Turma do STF e cita casos de outros réus da Operação Lava Jato que tiveram processos julgados pelos ministros dessa turma.

“Por cautela”, a defesa resolveu recorrer da decisão do ministro Alexandre de Moraes, que em junho manteve no plenário do  STF  o julgamento do pedido de liberdade apresentado.

Neste recurso, os advogados pediam, além da soltura de Lula, que o recurso sob relatoria de Fachin fosse analisado pela Segunda Turma da Corte, e não pelo plenário, como decidiu o relator da Lava Jato.

Em junho, Moraes rejeitou pedido de julgamento do caso pela Segunda Turma e não pelo plenário. Para Moraes, cabe ao relator definir se um caso é julgado na turma ou no plenário e, portanto, não haveria ilegalidade.

Como a decisão de Moraes foi tomada no fim do semestre e publicada em 1º de agosto, o prazo de cinco dias para recorrer venceria nesta segunda (6). Por isso, o recurso foi apresentado. Como Fachin confirmou a desistência, o pedido de Lula (um agravo regimental) para julgamento na Segunda Turma perdeu objeto, uma vez que não há mais julgamento.