Prisão de ex-diretor da Dersa é malvista para campanha de Alckmin, aponta jornal

Segundo Folha de S. Paulo, aliados do candidato veem como má notícia a prisão de Lourenço em operação que investiga desvios na obra da Rodoanel

Ex-presidente da Dersa é homem de confiança do PSDB e foi secretário de Transportes de Geraldo Alckmin
Foto: Reprodução/Globo
Ex-presidente da Dersa é homem de confiança do PSDB e foi secretário de Transportes de Geraldo Alckmin

O ex-secretário de Transportes de São Paulo e ex-presidente da Dersa , Laurence Lourenço, foi um dos presos na última quinta-feira (21) na operação Pedra do Caminho, da Polícia Federal, que investiga possível desvio de verbas nas obras do Rodoanel. A detenção foi recebida como má notícia pelos aliados do candidato à presidência Geraldo Alckmin (PSDB-SP), segundo aponta reportagem de Thais Bilenky do jornal Folha de S. Paulo neste sábado (23).

A possível delação premiada de Lourenço é temida nesse momento em que o tucano tenta deslanchar a campanha do PSDB à presidência, já que uma possível citação ao seu nome poderia ser muito negativa para sua imagem. Desse modo, aliados já começaram o movimento para reforçar que o ex-governador de São Paulo não tem qualquer envolvimento com esquemas irregulares eventuais. Geraldo Alckmin aparece com 7% das intenções de voto na última pesquisa Datafolha .

A operação deflagrada na quinta-feira prendeu Lourenço e outros 14 servidores públicos, sendo que oito foram soltos na sexta-feira (22). Mas, a juíza Maria Isabel do Prado não incluiu a liberdade do ex-secretário e ex-presidente da Dersa em sua decisão.

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Aliás, faz menos de um mês que outro dirigente da Dersa foi libertado pela segunda vez sob ameaça de que poderia fechar uma delação premiada. Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, recebeu liberdade no fim de maio por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes.

Operação Pedra no Caminho 

A ação faz parte da investigação sobre desvios de recursos públicos nas obras do trecho norte do Rodoanel de São Paulo. O ex-presidente da Dersa atualmente ocupava a presidência da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), cargo a que renunciou após a deflagração da operação. Ele é homem de confiança do governo tucano, sendo que, no último ano, acumulou o cargo de secretário de Transportes e Logística do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

Foto: Reprodução/Twitter
Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, tem 7% de intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha

Segundo inquérito instaurado em 2016, a investigação começou com a denúncia de um ex-gerente de uma empreiteira que não concordava com os desvios de dinheiro e foi exonerado do cargo.

A obra era dividida em seis lotes, sendo que as fraudes eram mais evidentes no lote sob responsabilidade da Construtora OAS. Outras construtoras suspeitas de irregularidades são Isolux Corsán, Acciona Infraestruturas e Construcap.

De acordo com o Ministério Público Federal, as fraudes, que envolveram desvios e superfaturamento, estão relacionados a um convênio firmado entre a estatal estadual e a União no valor de R$ 6,4 bilhões. A procuradoria estima que os desvios chegaram a R$ 600 milhões.

Empresas se defendem do inquérito

Em nota, a Dersa informou que a empresa e o governo de São Paulo são os maiores interessados no andamento do processo. “Havendo qualquer eventual prejuízo ao erário público, o Estado adotará as medidas cabíveis, como já agiu em outras ocasiões.”

A OAS esclareceu, também em nota, que os atuais gestores da construtora têm prestado às autoridades todos os esclarecimentos a respeito de atividades e contratos sobre os quais haja questionamentos – no projeto do Rodoanel em particular e em todos os outros que realiza.

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“A nova gestão da OAS entende que colaborar para elucidar tais questionamentos é um imperativo para dar continuidade a suas operações de acordo com os mais elevados padrões de ética e transparência corporativa, único caminho possível para recuperar o lugar de excelência que sempre ocupou na engenharia do país”, afirma a empreiteira.

O ex-governador Geraldo Alckmin informou que apoia as investigações e que todas as informações solicitadas foram prestadas pela Dersa ao Tribunal de Contas da União (TCU), que ainda não julgou o caso.