Frente às investigações da Polícia Federal sobre o suposto envolvimento do presidente Michel Temer com a empresa Rodrimar – investigada por corrupção na edição do decreto dos portos , em 2017 –, o Planalto Federal afirmou, nesta quarta-feira (6), que o caso já "entrou no terreno na ficção policial".
"A investigação [...] entrou no terreno da ficção policial . Isso porque, na verdade, o decreto dos portos não trouxe nada em favor da empresa", disse oficialmente a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), a comunicação institucional de Michel Temer como presidente.
Segundo o texto, divulgado à imprensa na tarde de hoje, a planilha encontrada pela PF, que aponta possíveis pagamentos mensais de propina ao presidente, é um documento "sem origem e sem autor".
O documento, remetido sob sigilo de justiça ao STF em 15 de março, dias antes da deflagração da operação Skala, foi obtido pelo portal de notícias G1 . Porém, a Secom defende que "tal planilha já foi renegada pela pessoa que acabou, involuntariamente, anexando esse papel, sem origem e sem autor, ao processo".
Além disso, ao usar a planilha nas investigações, o delegado da PF estaria, segundo a Secom, produzindo "um fatasioso cenário de reconstrução arqueológica".
O raivoso comunicado da Secom diz ainda que, reabrir investigação contra o presidente, já arquivada duas vezes é alimentar "apenas uma imensa farsa".
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"Sem fatos novos ou provas, delegado tenta reabrir investigação já arquivada duas vezes pela Justiça por falta de provas", critica a nota.
Por fim, a Secretaria fez uma referência, em seu comunicado, ao complexo de estúdios da Rede Globo , anteriormente chamado de Projac . "Nada mais precisa ser dito sobre esse escândalo digno do Projac, a maior fábrica de ficções do País".
Investigações em torno de Temer e da Rodrimar
Temer é investigado nesse inquérito por supostamente ter recebido propina da Rodrimar, empresa que opera o Porto de Santos (SP), em troca de favorecimentos à empresa por meio do decreto assinado em maio do ano passado que regulamenta contratos de concessão e arrendamento do setor portuário.
Rocha Loures, que já foi gravado recebendo mala com R$ 500 mil de executivos da JBS, teria sido o responsável por retirar a propina da empresa para Temer. Os dois negam as acusações.
Para a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Polícia Federal, existem indícios de corrupção no decreto dos portos, assinado por Temer em maio de 2017.
O coronel João Baptista Lima, amigo e ex-assessor do presidente, é apontado em delações premiadas de executivos da JBS como intermediário de Temer. Ele teria recebido, em nome do mandatário emedebista, R$ 1 milhão destinados à campanha presidencial de 2014.
Em sua defesa, sustentando o termo ' ficção policial ' usado pelo Planalto, Temer nega as acusações e já falou publicamente em 'perseguição disfarçada de investigação' para argumentar contra a apuração da PF.