Greve dos caminhoneiros se resolve com 'escuta' não com autoritarismo, diz FHC
Ex-presidente que tem em seu histórico duas greves da categoria – em julho de 1999 e em maio 2000 – disse que Temer deve superar crise com respeito
Por iG São Paulo | * |
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou que a greve dos caminhoneiros – que hoje está em seu oitavo dia seguido – exige "escuta" por parte do governo e que as coisas não se resolverão com autoritarismo. FHC disse ainda que a velocidade da comunicação hoje é algo que pode ou não ajudar nas negociações.
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"Nessa greve dos caminhoneiros, a chefia é móvel, não se sabe qual é o grupo que comanda. Eles têm contato imediato, todo o País está sabendo imediatamente o que aconteceu. O governo reage, vai para a televisão, ou vai para a internet, todos ficam sabendo imediatamente", disse. "Qual vai ser a reação? É um mundo que requer escuta, não adianta você dar ordem", declarou FHC .
A declaração do ex-presidente ocorreu nesta segunda-feira (28), em São Paulo. O tucano disse ainda que isso é uma característica do que chamou de mundo contemporâneo. "Tem que escutar para saber de que lado as coisas vão e tem que ver se você é capaz ou não de obter algum apoio à sua posição", disse.
Ele afirmou ainda que a crise provocada pela greve dos caminhoneiros não é uma resposta somente à insatisfação do setor, mas que ela expressa, na verdade, um mal-estar generalizado.
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Fernando Henrique foi homenageado durante a comemoração dos 20 anos de existência das Organizações Sociais. O ex-presidente tem em seu histórico duas greves dos caminhoneiros – em julho de 1999 e em maio 2000.
Em sua fala, ele disse também que a superação da crise atual no Brasil só será alcançada com respeito. “O melhor é não precisar usar a força”, afirmou. “A autoridade deriva mais do desempenho do que da posição”, destacou.
Polarização e medidas tomadas por Michel Temer
O ex-presidente criticou a polarização na política . “Um país não se faz com ódio, tem que ter amor também. Então, eu não perco a esperança”. Ele considera negativa a perda de credibilidade dos partidos políticos e dos sindicatos.
Porém, ao ser perguntado por jornalistas se o governo errou ao tentar administrar a situação, FHC
não quis responder e disse que precisava de mais tempo para avaliar a situação.
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* Com informações da Agência Brasil.