Filho de Herzog, jornalista morto pela ditadura, escreve carta a ministro

Presidente do conselho do Instituto Vladmir Herzog, organização que defende direitos humanos, escreveu ao ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes (PSDB), pedindo que ele atue junto ao governo dos EUA pela liberação de documentos sobre ditadura no Brasil

Vladimir Herzog, jornalista assassinado pela ditadura militar no Brasil
Foto: Instituto Vladimir Herzog
Vladimir Herzog, jornalista assassinado pela ditadura militar no Brasil

O engenheiro Ivo Herzog, que preside o conselho do Instituto Vladmir Herzog , organização que atua na defesa dos direitos humanos, escreveu uma carta ao ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes (PSDB), pedindo que o tucano atue junto ao governo dos Estados Unidos para que documentos secretos dos americanos que tratem sobre a ditadura militar no Brasil sejam liberados para consulta e pesquisas.

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O pedido se dá após a revelação de papéis que afirmam que o ditador Ernesto Geisel , um dos militares que presidiu o país durante a ditadura, sabia e aprovava os assassinatos de opositores do regime. O jornalista Vladmir Herzog , pai de Ivo, foi uma das muitas vítimas do governo militar brasileiro. O próprio ministro Aloysio Nunes , também, passou à clandestinidade nos “anos de chumbo” por sua atuação contrária ao regime ditatorial.

“A família Herzog vem a vossa senhora solicitar manifestação do Ministério de Estado das Relações Exteriores solicitando ao governo norte americano a liberação completa dos registros realizados pela CIA que documentam a participação dos agentes do Estado brasileiro em operações para torturarem ou assassinarem cidadãos brasileiros”, diz um trecho da carta.

“O senhor, assim como a nossa família, sabe o que foi o terror e a violência promovida pela ditadura brasileira. Uma nação precisa conhecer sua história para prevenir que os erros do passado se repitam”, conclui o documento.

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Documento estarrecedor

O documento secreto liberado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos revela que o ex-presidente  Ernesto Geisel   aprovou a continuidade das “execuções sumárias” dos adversários do regime militar, referidos como “subversivos” e “terroristas”.

Além de permitir os assassinatos, ele orientou a centralização das ações no Palácio do Planalto através do Serviço Nacional de Informações (SNI).

Segundo o documento assinado pelo então Diretor de Inteligência da CIA, William Egan Colbim, encaminhado ao Secretário de Estado, Henry Kissinger, o então recém-empossado presidente Ernesto  Geisel  (1974-1979) decidiu “continuar as execuções sumárias de adversários” da ditadura militar no Brasil, e ainda teria orientado o então chefe do SNI, João Baptista Figueiredo, que o substituiria no poder em 1979, a autorizar pessoalmente os assassinatos, levados a cabo pelo Centro de Inteligência do Exército (CIE).

Com isso, o militar assumiria as execuções, trazendo os assassinatos para dentro da cúpula do Planalto.

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