Ministro da Segurança Pública de Temer confirma que algumas UPPs serão extintas
Raul Jungmann, ministro da Segurança Pública de Temer, afirma que o estado falhou na tentativa de levar saúde e educação para favelas no Rio de Janeiro, o que era a proposta inicial das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs)
Por iG São Paulo | * |
Raul Jungmann , ministro da Segurança Pública do governo de Michel Temer (MDB) , afirmou nesta sexta-feira (27) que algumas das Unidades de Polícia Pacificadora ( UPPs ) do Rio de Janeiro serão extintas pela administração federal.
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Ele não entrou em detalhes sobre quantas unidades serão atingidas pela medida. A região metropolitana do Rio de Janeiro conta atualmente com 38 UPPs.
O ministro defendeu a necessidade de se reavaliar e extinguir algumas UPPs. “Houve uma expansão maior do que as pernas do estado poderiam manter com os recursos que se tinha. Isso degradou uma grande parte das UPPs . Em segundo lugar, as UPPs eram a ponta de um projeto onde você teria a polícia pacificadora, mas o estado deveria entrar com saúde, educação, etc. O que também não entrou”, analisou.
Jungmann também disse que parte das UPPs não cumprem mais a função para a qual foram concebidas. “Então, o que fazer? Reduzir, melhorar aquelas que estão em condições de ser efetivamente melhoradas, trazer mais policiamento para as ruas e colocar grupamentos ou destacamentos que vão permanecer dentro da comunidade”, disse.
Para o governo, se essas UPPs não tinham capacidade de exercer suas funções é melhor reaproveitar os policiais no patrulhamento geral das ruas da cidade. Ele não informou sobre qual é o plano do ministério para tratar com a questão da insegurança nas comunidades que deixarão de contar com UPPs.
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As UPPs foram criadas em 2008 e logo se tornaram a principal política de segurança pública do estado do Rio. A proposta era implantar policiamento comunitário nas áreas controladas por quadrilhas armadas. A última UPP, na Vila Kennedy, foi implantada em 2014.
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Intervenção e insegurança
De acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (26) pelo Centro de Estudo de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, o número de chacinas – assassinatos em massa – no Rio de Janeiro dobrou no período pós-decreto, se comparado com os dois meses anteriores à intervenção. Foram 12 episódios, com 52 vítimas, nestes dois meses de intervenção , contra 6 chacinas, com 22 mortos, entre dezembro e fevereiro.
E não só: os tiroteios no estado aumentaram em 15%. Foram contabilizadas 1502 trocas de tiros após a intervenção; nos meses que a antecederam, foram 1299 os tiroteios notificados.
Os dados foram compilados no documento “À deriva: sem programa, sem resultado, sem rumo”. Em síntese, os especialistas envolvidos no projeto, uma espécie de observatório não oficial da intervenção, criticaram a medida e não veem com otimismo sua chance de progredir na luta contra as milícias e o crime organizado.
* Com informações da Agência Brasil
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