Lula passa outra noite em sindicato e deve ser detido pela PF neste sábado

Petista está no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC desde a quinta-feira(5); missa em homenagem a Marisa Letícia será realizada na manhã de hoje


Lula acenou para apoiadores da janela do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Foto: Ricardo Stuckert - 6.4.18
Lula acenou para apoiadores da janela do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC







O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ser entregar à Polícia Federal neste sábado (7). Durante as negociações dos advogados do petista com a PF, Lula pediu para que fosse realizada uma missa em homenagem a ex-primeira dama Marisa Letícia, que faleceu no ano passado e faria aniversário hoje. O ex-presidente deve ser detido só após a celebração, que começará às 9h30  e contará com apresentações de artistas como Leci Brandão e Maria Gadú. De acordo com o jornal Folha de São Paulo , a defesa de Lula confirmou à PF que ele irá se entregar de maneira voluntária. 

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O ex-presidente passou sua segunda noite seguida no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O petista decidiu não entregar à Polícia Federal dentro do prazo estipulado pelo juiz federal Sérgio Moro, que era até às 17h desta sexta-feira (6).

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Diferente da noite da última quinta-feira, a última madrugada transcorreu de maneira mais tranquila. Muitos militantes deixaram o Sindicato dos Metalúrgicos, enquanto outros montaram barracas e acamparam em frente ao prédio. Os discursos inflamados de apoiadores também foram mais espaçados e, por muitas vezes, deram lugar para músicas no carro de som. Os aliados políticos mais próximos de Lula também não discursaram durante a madrugada, pois preferiram ficar ao lado do ex-presidente.

Lula não discursa e apenas acena a militantes da janela de sindicato: 

Em entrevista à Globonews , o delegado Luis Antônio de Araújo, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, disse que a prisão do ex-presidente não se dará imediatamente só porque o prazo dado pelo juiz Moro se exauriu. A Justiça Federal no Paraná também informou que Lula não é considerado foragido. "A ordem foi publicada e tem que ser cumprida. A Polícia Federal vai tratar de cumprir da melhor forma, mas vai depender desse ajuste com a defesa", afirmou o delegado Araújo.

Condenado a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá (SP), Lula passou a noite na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Do lado de fora do prédio, apoiadores e integrantes de movimentos sociais fizeram uma vigília contra a prisão do líder petista.  

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula - 22.3.18
Luiz Inácio Lula da Silva teve prisão ordenada pelo juiz Moro após STF negar habeas corpus

"Moro deu a opção de Lula ir a Curitiba, mas ele escolheu ficar em um endereço público. Resolveu ficar no lugar símbolo de resistência e luta dos trabalhadores e trabalhadoras", bradou Gleisi Hoffmann aos militantes. "Não espere que a gente caminhe para o brete de cabeça baixa, como em um matadouro. É aqui que estamos e ficaremos para mostrar ao Brasil a nossa luta", completou. 

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A defesa do ex-presidente se movimentou em duas frentes para evitar o cumprimento da ordem de prisão do juiz Moro. Os advogados de Lula foram ao Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, para pedir uma liminar para que o governo brasileiro impeça a prisão do ex-presidente até o exaurimento de todos os recursos jurídicos disponíveis. 

Em outra frente, a defesa apresentou também um pedido de habeas corpus junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), alegando que a ordem de prisão é ilegal, uma vez que o caso do petista ainda não foi encerrado junto ao Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-4). O pedido, no entanto, foi rejeitado pelo ministro Félix Fischer, relator da Lava Jato no STJ. Agora, a defesa do petista recorreu ao Supremo Tribunal Federal com a mesma alegação. O pedido foi encaminhado ao ministro Marco Aurélio Mello, mas foi redistribuido a Edson Fachin por decisão da presidente da casa, ministra Cármen Lúcia.

A decisão do juiz Moro, no entanto, se amparou em ofício enviado pelo presidente do TRF-4, desembargador Leandro Paulsen, afirmando que já houve o "exaurimento da jurisprudência" da ação do caso tríplex naquela Corte. A defesa de Lula, por outro lado, diz que ainda poderão ser apresentados embargos de declaração sobre os embargos de declaração já rejeitados.

Além dos pedidos apresentados pela defesa de Lula, ao menos três recursos em habeas corpus contra a prisão do ex-presidente foram protocolados no Supremo Tribunal Federal (STF) por pessoas não relacionadas ao petista.