Veja o que dizem os políticos sobre a ordem de prisão do ex-presidente Lula

Maia diz que não se deve comemorar a prisão do petista por questão de responsabilidade pública; Alckmin fala sobre "fim da impunidade"; Boulos convoca todos para se deslocarem até São Bernardo, onde estará Lula

Foto: Reprodução
Juiz Sérgio Moro condenou ex-presidente Lula por crimes de corrupção e lavagem no caso tríplex da Lava Jato

Após a  ordem de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter sido expedida no fim da tarde desta quinta-feira (5) pelo juiz federal Sérgio Moro, diversos políticos se manifestaram sobre o decreto. 

Entre eles, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que enviou uma nota à imprensa declarando que aqueles que têm responsabilidade pública não devem comemorar a prisão de Lula

"Aqueles que têm responsabilidade pública, em qualquer nação, não podem celebrar a ordem de prisão de um ex-presidente da República. No entanto, o mandado de prisão decorreu de um processo submetido à mais alta Corte do Poder Judiciário, em que foi respeitado o amplo direito de defesa”. Maia ainda ressaltou que qualquer manifestação sobre a prisão do petista deverá respeitar a ordem institucional.

A presidente do PT, senadora Gleise Hoffmann criticou a "violência sem precedentes na nossa história democrática". "Um juiz armado de ódio e de rancor, sem provas e com um processo sem crime, expede mandado de prisão para Lula, antes de se esgotarem os prazos de recurso. Prisão política, que reedita os tempos da ditadura", escreveu ela.

Em um vídeo, critica a atitude de Moro, que nem sequer esperou o Supremo Tribunal Federal (STF) publicar a decisão de ontem para expedir o mandado de prisão. Para ela, a "ansia desse juiz de perseguir e punir o presidente Lula é uma coisa inconcebível".  






Hoffmann e outros apoiadores do petista convocam a população para se dirigir ao Síndicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo, no ABC paulista, onde Lula está.

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O pré-candidato à Presidência da República pelo PSOL, Guilherme Boulos, falou sobre "resistência democrática" e reforçou o chamado de seus seguidores para se dirigirem ao ABC nesta noite. "Todos para São Bernardo do Campo! É neste momento a trincheira de resistência democrática", escreveu em uma rede social. "Não assistiremos passivamente", completou em outra publicação. 

A também pré-candidata à Presidência, Manuela D'Ávilla (PCdoB) manifestou seu apoio ao petista da mesma maneira, informando que está se deslocando para São Bernardo e convocando seus seguidores a fazerem o mesmo.

Já o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), lamentou o fato de um ex-presidente da República ir para a cadeia, porém comemorou o "fim da impunidade".  "É lamentável ver a decretação da prisão de um ex-presidente, mas tenho a convicção de que isso simboliza uma importante mudança que vem ocorrendo no Brasil: o fim da impunidade. A lei vale para todos".

Em sua conta no Twitter, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), apesar de não fazer nenhuma menção direta à prisão do ex-presidente, comentou, logo após o despacho de Moro vir à tona, um "Boa noite" acompanhado de uma imagem da bandeira do Brasil e um polegar indicando "positivo".




Quem comemorou a prisão do ex-presidente declaradamente foi o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). "Viva a justiça", escreveu em seu Twitter. O tucano gravou um vídeo em que diz estar com a alma lavada e ainda chama Lula de mentiroso e diz que ele "deu o carimbo de corrupção ao Brasil". "O Brasil agora começa a respirar democracia, justiça. E você, Lula, vai respirar na cadeia!"

O juiz da Lava Jato proferiu o despacho que manda prender Lula no fim da tarde desta quinta-feira (5), menos de 24 horas após o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitar o habeas corpus de sua defesa.

O petista terá até às 17h horas de amanhã para se apresentar voluntariamente à Polícia Federal em Curitiba. Moro também vetou a utilização de algemas em qualquer hipótese.

Leia também: Lula ficará sozinho em cela especial na carceragem da PF em Curitiba

Veja mais reações ao mandado de prisão de Lula:

  • Álvaro Dias (Pode-PR), líder do partido no Senado - "É lastimável ver um ex-presidente da República ser conduzido à prisão. Mas é um avanço. A impunidade perdeu. O Estado de Direito prevaleceu. As leis estão governando os homens neste momento e nós estamos caminhando para a inauguração de uma nova Justiça no Brasil."
  • Alex Manente (PPS-SP), líder do partido na Câmara - "Um dia histórico para o Brasil. Finalmente está sendo preso o ex-presidente Lula, chefe de uma das maiores organizações criminosas com o dinheiro público. Não tenho dúvida que isso deixa todos nós com a sensação de Justiça, que ela chega para todos, que não pode se cometer crime em qualquer escala de poder. Mas também nos deixa envergonhados perante o mundo ver um ex-presidente preso."
  • Ana Amélia (PP-RS), senadora - "Ninguém está acima da lei!"
  • Chico Alencar (PSOL-RJ), deputado federal - "É uma celeridade impressionante, parece que têm medo de alguma reação popular, sequer apreciam os recursos finais, os chamados embargos dos embargos, há uma insegurança desse poder tão imperial. Tudo isso contribui para que se reaja. Por que no caso do Lula tem essa pressa total?"
  • Darcísio Perondi (MDB-RS), vice-líder do governo na Câmara - "A justiça sendo feita no Brasil. Um ex-presidente da República, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, deverá cumprir 12 anos de cadeia. Ele tem até amanhã, sexta-feira, às 17 horas, para se apresentar em Curitiba. A decretação da prisão do Lula é uma mostra de que já passou o tempo da impunidade e que os graúdos do colarinho branco também podem ser presos e pagar por seus erros."
  • Humberto Costa (PT-PE), líder da minoria no Senado - "Esse mandado de prisão expedido de forma absolutamente açodada é mais um declarado abuso nessa caçada política implacável contra Lula. É um escândalo, que envergonha o Brasil."
  • Jandira Feghali (PCdoB-RJ), deputada federal - "O momento exige de nós coragem. O arbítrio chegou ao limite e a prisão de Lula sem provas foi decretada. Não nos calamos durante os duros anos da ditadura e não nos farão esmorecer agora. Permaneceremos ao lado dos que lutam pela democracia. A força de Lula será a nossa força."
  • Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do partido no Senado - "Isso é um absurdo porque a defesa do presidente Lula ainda tinha até terça-feira (10) para apresentar os embargos dos embargos [...]. Essa prisão é um absurdo, ilegal, inconstitucional."
  • Marcos Rogério (DEM-RO), deputado federal - "A decisão do juiz Sérgio Moro é um desfecho de todo processo até agora. A decisão dele mostra que o sistema penal funcionando, que a lei vale para todos.
  • Maria do Rosário (PT-RS), deputada federal - "Moro tem seu despacho de prisão contra Lula pronto há quanto tempo? Inaceitável! Lula e advogados decidirão e têm meu apoio, mas não creio, por ser inocente, que Lula deva se entregar em Curitiba."
  • Miro Teixeira (Rede-RJ), deputado federal - "São momentos indesejáveis que se somam: o momento da corrupção que fez tanto mal à população brasileira e esse outro momento de ver um líder de tantas lutas ser recolhido à prisão. O Lula não é exclusivamente um ex-presidente. É um símbolo da luta contra a ditadura pela anistia, pela democracia de um modo geral. Mas, exatamente com base nos postulados democráticos, ele recebe uma pena de reclusão."
  • Roberto Jefferson, presidente do PTB e condenado no mensalão - "Não tenho sentimento de vingança em relação a Lula. Também não desejo seu mal. Muito menos comemoro sua prisão. Já passei por isso e sei o quanto uma prisão é desumana, cruel. Recomendo a Lula resignação, paciência, humildade, calma. Que saiba tirar as lições necessárias."
  • Rodrigo Garcia, líder do DEM na Câmara - "A decisão do juiz Sérgio Moro segue a lei. Nós estamos num Estado Democrático de Direito, o ex-presidente Lula teve direito à sua defesa, usou todos os recursos estabelecidos no Código Penal e foi condenado. Por isso, espero que ele se apresente conforme a determinação do juiz Sérgio Moro."
  • Rubens Pereira Júnior (PCdoB-MA), vice-líder do partido na Câmara - "A decisão, de forma açodada, ocorreu antes de serem esgotaos todos os recursos em segunda instância. [...] Uma velocidade descomunal."
  • Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), líder do partido no Senado - "Barbaridade! Prisão de Lula decretada e ainda dizem que a lei é para todos! Como assim? Condenaram Lula sem provas e prendem sem trânsito em julgado! Ah! Ele não é do PSDB! Vamos reagir."