O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal do Paraná, ordenou a mudança nas datas de audiências do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP) , atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que seriam realizadas nos dias 22 e 27 de junho, coincidindo com a data marcada para os jogos do Brasil na Copa do Mundo.
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No pedido assinado na quarta-feira (14), Sérgio Moro escreve que “como Jogos do Brasil na Copa do Mundo foram designados para as datas de 22 e 27 de junho, deve a Secretaria redesignar as audiências marcadas para estas datas”. A ação referida apura o repasse de propina ao presidente Lula pela empreiteira Odebrecht na reforma do sítio de Atibaia, que teria tido um custo de cerca de R$ 1 milhão.
O processo da Lava Jato que apura suposta vantagem indevida de Lula tem outros 12 réus, denunciados pelos procuradores da Operação Lava Jato – em maio de 2017: os empreiteiros Léo Pinheiro (OAS), Emílio Odebrecht e seu filho, Marcelo Bahia Odebrecht, o pecuarista José Carlos Bumlai, o advogado Roberto Teixeira e Fernando Bittar, que é o dono oficial do sítio.
A audiência até então marcada para o dia 22 de junho contava com 13 testemunhas de defesa dos réus no processo. A do dia 27 contava com sete testemunhas. Ambas ocorreriam por videoconferência. Na Copa do Mundo, que esse ano acontece na Rússia, a seleção brasileira enfrenta a Costa Rica no dia 22, enquanto joga com a Sérvia no dia 27.
E-mails da Odebrecht
No início do mês de março, Marcelo Odebrecht entregou ao juiz uma relação de 43 e-mails trocados entre 2008 e 2013 que tratam sobre as obras realizadas no sítio Santa Bárbara, no interior de São Paulo. Segundo alegam os advogados do empreiteiro, as mensagens comprovariam que houve “pedidos de ajuda financeira que direta ou indiretamente beneficiaram Lula”.
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Sobre tais e-mails, os advogados que defendem Lula na Lava Jato afirmaram que será pedida a análise da "autenticidade e veracidade" dos e-mails apresentados por Marcelo Bahia Odebrecht e garantiram que os e-documentos "em nada abalam o fato de que o ex-presidente jamais solicitou ou recebeu da Odebrecht ou de qualquer outra empresa algum benefício ou favorecimento".
A denúncia
O Ministério Público Federal (MPF) alega que o ex-presidente foi responsável por "estruturar, orientar e comandar esquema ilícito" e por meio dessa estrutura "receber propina para o seu benefício próprio consistente em obras e benfeitorias relativas ao sítio de Atibaia, custeadas ocultamente pelas empresas Schahin, Odebrecht e OAS".
Segundo o esquema descrito na denúncia, o ex-presidente Lula teria, entre 2010 e 2011, dissimulado e ocultado a origem de R$ 150 mil por meio de 23 repasses a José Carlos Bumlai, Fernando Bittar e Rogério Pimentel. Esse recurso seria "proveniente de crimes de gestão fraudulenta, fraude a licitação e corrupção no contexto da contratação para a operação da sonda Vitória 10.000 da Schahin pela Petrobras". Os R$ 150 mil teriam sido posteriormente empregados em reformas no sítio de Atibaia.
Em fevereiro, testemunhas da acusação foram ouvidas por Moro . Entre eles, o ex-presidente da empreiteira Camargo Corrêa, Dalton Avancini, e o doleiro Alberto Youssef. Ambos disseram não saber sobre as supostas reformas que teriam sido realizadas no que, para a acusação, pertence na verdade ao ex-presidente. No cartório, o sítio está no nome do empresário Fernando Bittar, amigo de Lula.
Já o ex-gerente da Petrobrás, Pedro Barusco, e o ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, também afirmaram desconhecer as obras. De acordo com eles, só vieram a saber sobre o sítio em Atibaia por reportagens na imprensa.
Em nota, os advogados de Lula afirmam que as acusações mostram "desesperada tentativa para justificar à sociedade a perseguição imposta ao ex-presidente nos últimos dois anos, com acusações frívolas e com objetivo de perseguição política".
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