Ex-executivos da OAS e Andrade Gutierrez voltaram a prestar depoimentos à Polícia Federal (PF), e afirmam ter realizado pagamentos de propinas a autoridades de São Paulo, com finalidade de financiar a campanha do PSDB ao governo do estado em 2006. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo .
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De acordo com a reportagem do jornal deste sábado (17), o ex-diretor da OAS, Carlos Henrique Barbosa Lemos, e o ex-presidente da Andrade Gutierrez, Flávio David Barra, prestaram depoimento à PF no âmbito do inquérito que investiga o atual senador José Serra ( PSDB
-SP), aberto com base na delação premiada da Odebrecht, e que se encontra no Supremo Tribunal Federal (STF). Os empresários disseram ter feito repasses para a campanha de Serra em troca de contratos para obras em São Paulo.
Entre outras coisas, os delatores afirmaram ter criado, na época, uma espécie de “grupo de trabalho”, que inclusive ajudou na elaboração do edital do Rodoanel Sul. Além disso, citaram que as obras foram divididas em cinco lotes liderados por consórcio de empreiteiras (Andrade Gutierrez, OAS, Odebrecht, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa).
Em agosto de 2017, o ex-diretor da OAS já havia prestado depoimento à PF. Na ocasião, ele declarou que os representantes das construtoras foram informados, em 2006, de que seria necessário repassar R$ 30 milhões para o então secretário de Transportes de São Paulo, Dario Rais Lopes, que então entregaria o dinheiro para a campanha eleitoral do partido tucano. Segundo Lopes, a OAS/Mendes Júnior teria pagado R$ 5,4 milhões. Ele ainda apontou que parte do dinheiro foi entregue em espécie, e outra parte foi transferida em forma de doação eleitoral registrada na Justiça Eleitoral.
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O ex-executivo da Andrade Gutierrez
, por sua vez, citou o repasse de propina para a diretoria do Metrô de São Paulo. Segundo Barra, foram pagos R$ 3,7 milhões em propinas para que a empreiteira obtivesse decisão favorável na regularização de contratos das linhas 2 (verde) e 4 (amarela).
Informações da Odebrecht
As novas declarações dos empresários confirmam algumas informações da investigação – iniciada com os delatores da Odebrecht. Um dos pontos que convergem é sobre a determinação, em 2007, do então eleito governador do estado, José Serra, de que os contratos com empreiteiras pelo Rodoanel fossem renegociados, o que gerou uma redução de 5% no valor global.
Ainda segundo o jornal, os delatores das construtoras dizem que Paulo Vieira de Souza, então diretor da Dersa, apontado no inquérito como “pessoa próxima a José Serra” é quem pediu a propina de 0,75% do total recebido às empresas vencedoras dos lotes da obra no trecho sul.
O outro lado
Ao Estadão , José Serra negou ter recebido dinheiro de caixa 2 durante a campanha do PSDB. “O senador reitera que todas as suas campanhas eleitorais foram conduzidas dentro da lei, com as finanças sob responsabilidade do partido. E sem nunca oferecer nenhuma contrapartida por doações eleitorais”. Os demais citados, ou negaram participação em esquemas ilícitos, ou não responderam, ou afirmaram estar "colaborando com as investigações".
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