Além do pequeno 'Michelzinho', já conhecido pela mídia, o presidente da República tem ainda outros quatro filhos: Luciana Temer (48 anos), Maristela Temer (46 anos), Clarissa Temer (44 anos) e Eduardo Temer (17 anos). E, para a primogênita do chefe do Poder Executivo brasileiro, foi "muito difícil" ver o nome do pai associado a escândalos de corrupção.
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"É muito triste, muito difícil você ver o nome do seu pai, que é uma pessoa que você conhece há 50 anos, jogado na lama", afirmou Luciana Temer
, em entrevista publicada nesta sexta-feira (9) pelo jornal O Estado de S.Paulo
.
"Quando saiu na Globo aquela primeira chamada dizendo que havia um áudio no qual meu pai dizia pra o Joesley para subornar o [Eduardo] Cunha pra ficar calado, eu estava na rua, ouvindo o rádio", conta. "E aí eu cheguei em casa, meus filhos estavam em casa, não tinham ouvido a notícia; liguei no Jornal Nacional , e aí o meu filho virou pra mim e falou assim: 'O que é isso? Você acredita? O que está acontecendo?', lembrou a filha do presidente.
"Eu falei: 'olha, meninos, eu não ouvi esse áudio, ninguém ouviu esse áudio. Mas, eu vou dizer pra vocês, eu corto os meus dois braços se o seu avô falou uma coisa dessas. Eu conheço o seu avô há 50 anos, ele jamais, em tempo algum falaria uma frase dessas.' E, afinal, quando saiu o áudio essa frase não existia. A frase que aparece no áudio é: 'Estou mantendo uma boa relação'. 'Ah, você deve mesmo fazer isso'. Isto é meu pai", concluiu.
Faria equipe ministerial mais feminina
O posicionamento raivoso de Luciana frente a um escândalo de corrupção envolvendo o nome de sua família é justificado pela sua trajetória. Isso porque a filha mais velha do presidente é professora de direitos constitucionais da PUC-SP e da Uninove, além de filantropa.
Questões de gênero e políticas de drogas ganham ares mais modernos e menos tradicionais na boca de Luciana, que não critica abertamente ao pai, mas deixa claro que pensam diferente em alguns assuntos.
"A gente tem bons debates, mas temos uma afinidade num pensamento mais liberal. Lógico, sobre determinados assuntos eu não penso como o meu pai que é de outra geração, suas posições não são as mesmas e temos bons debates sobre essas questões", explica. "Ele pensa uma política de enfrentamento da droga mais conservadora", exemplifica.
"Quanto a gênero, meu pai é uma pessoa que prega uma relação de igualdade. Nunca pregou desigualdade. Mas ele parte de um discurso de que basta a defesa da igualdade, não precisa cotas nem distinções", pontua ela.
Quando indagada a respeito da equipe ministerial formada apenas por homens, escolhida pelo seu pai no início do seu mandato oficial, Luciana alertou quanto à noção de representatividade, que, segundo ela, não passou na cabeça de Michel Temer .
"É uma questão um pouco de um homem mais velho que teve um convívio mais fácil a vida inteira com homens. Ele tem mais referências de homens que mulheres. Eu se fosse montar uma equipe, talvez montasse uma equipe mais feminina", disse.
"Mas veja, Haddad, que é super moderno, tinha três mulheres em 27 secretarias. Não acho enfim que ele não tenha chamado mulheres por exclusão. Não houve predisposição em não chamar. Por outro lado, não houve predisposição em buscar um nome. Parece bobo, mas isso faz diferença", pontuou.
Mais pra Haddad que para Alckmin
Luciana citou o ex-prefeito paulista em sua entrevista porque trabalhou diretamente com ele, quando secretária de assistência social. Desde então, a filha de Temer sustenta uma admiração por Fernando Haddad (PT) e se identifica com ele.
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Ex-delegada de defesa da mulher, em Osasco, ela trabalhou também com o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) e, quando perguntada sobre sua experiência com os dois lados da oposição em São Paulo, foi categórica.
"Eu o [Alckmin] respeito muito. É um sujeito muito sério, muito íntegro. Essa é minha experiência pessoal com ele. Se você perguntar com quem eu tenho mais afinidade de trabalho, de pensamento, eu tenho muito mais afinidade com o Haddad", exclama.
E justifica: "o Haddad é um militante petista, mas ele é um professor universitário, assim como eu sou uma professora universitária. Ele é um sujeito que foi se aprimorando intelectualmente, assim como eu busquei me aprimorar intelectualmente ao longo dos anos".
"Eu fui trabalhar com uma pessoa que fez um caminho de busca, de consciência social, assim como eu fui buscando meu caminho. Então não acho tão estranho que eu tenha ido trabalhar com o Haddad", conta.
Recatada e do lar?
Luciana aproveitou ainda para defender as acusações de machismo direcionadas ao pai, dizendo que a tal da 'recatada e do lar' é Marcela, com quem Temer sustenta um casamento de 15 anos, mas que "tem outro perfil".
"Nesse tempo de polarização, as pessoas tendem muito a associar o seu sobrenome a uma pauta que exclui o direito das mulheres, que torce o nariz ao direito sobre o próprio corpo… Eu tenho duas irmãs, que são psicólogas. Nós somos três mulheres independentes, que trabalham, que a vida inteira ganharam o seu dinheiro e se sustentaram", afirma.
"E eu escutei do meu pai a vida inteira a seguinte instrução: 'você tem que trabalhar e ganhar o seu dinheiro, porque a independência só existe quando você se sustenta. Você só é uma pessoa livre e independente quando paga as suas contas'", lembra. "Aí eu me pergunto, onde está o machista dessa brincadeira do ‘recatada e do lar’? Porque a Marcela tem um outro perfil. É uma grande companheira dele, mesmo, de mais de 12 anos, e que tem outro perfil, e que eu respeito perfeitamente", conclui.
Sem ambições políticas
Apesar de ter posicionamentos políticos bem definidos e, inclusive, dar aula sobre isso em um curso de graduação, a filha mais velha de Temer não tem interesse em se declarar candidata ou participar ativamente de alguma campanha eleitoral. Filiada ao MDB – partido do pai –, ela diz que naõ se interessa pela política partidária.
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"A grande política me interessa, política partidária não me interessa pessoalmente, não tenho vocação. Eu me filiei ao MDB para assumir a secretaria de assistência com o Haddad", diz Luciana Temer.