O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) concluiu a perícia das imagens do circuito interno da cadeia de Benfica, na zona norte do Rio, fornecidas pela administração do presídio após suposta agressão sofrida pelo ex-governador Anthony Garotinho
. O episódio ocorreu em novembro e implicou na transferência do político para a cadeia de Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó.
Os peritos da Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia do MP-RJ (Dedit) concluíram que houve edição nos vídeos – que não mostram a presença do suposto agressor nos corredores que dão acesso à cela onde Anthony Garotinho estava detido. Segundo reportou o jornal Folha de S.Paulo
nesta sexta-feira (19), a perícia apontou "interrupções atípicas" e evidência de "interferência humana" na captação dos vídeos.
A suposta agressão ocorrida durante a madrugada do dia 24 de novembro é investigada pela 21ª Delegacia de Polícia, em Bonsucesso. De acordo com a versão do ex-governador, um homem de aproximadamente 1,70m de altura teria invadido sua cela portando algo parecido com um taco de beisebol e usado o instrumento para desferir um golpe em seu joelho. O político também teria machucado o pé durante o episódio.
Em nota intitulada "A verdade sobre as câmeras de Benfica demorou, mas apareceu", publicada por Garotinho após a notícia sobre a perícia do MP-RJ, o ex-governador disse que sempre sustentou que houve "manipulação das câmeras", mas que "a maior parte da mídia preferiu propagar a falsa versão de autolesão".
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Contestações à versão de Garotinho
A possibilidade de que houve autolesão foi ventilada pela própria Secretaria de Administração Penitenciária do RJ (Seap) e por agentes penitenciários de Benfica após o episódio.
"O interno se encontrava sozinho em uma galeria composta por nove celas, todas vazias. A Seap examinou as imagens das câmeras da unidade, que não detectaram presença de qualquer pessoa ou estranhos na galeria onde se encontra o detento, que pudessem causar tais lesões", disse a secretaria em nota divulgada à época do caso.
Testemunhas ouvidas pelo delegado Wellington Vieira, responsável pelo caso, contestaram a versão de Garotinho sobre os fatos. Uma dessas testemunhas foi o ex-secretário de Saúde do Rio Sérgio Côrtes (preso na Lava Jato), que foi um dos primeiros a prestar atendimento médico ao ex-governador. Côrtes disse que, na ocasião, Garotinho não acusou ter sofrido ferimento em seu pé e que o machucado em seu joelho não era compatível com algo provocado por um golpe com taco de beisebol.
Preso em razão de suposto crime eleitoral em Campos do Goytacazes (RJ), Anthony Garotinho foi solto no fim do mês passado após habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.