Juiz diz haver ponto cego no monitoramento do sítio em que Funaro cumpre prisão

Na falta de tornozeleira eletrônica, delator prometeu instalar câmeras em seu sítio, mas Justiça diz que monitoramento não cobre toda a área do imóvel

Preso desde julho do ano passado, doleiro Lúcio Funaro ganhou direito de deixar a Papuda em dezembro
Foto: Reprodução/JFDF
Preso desde julho do ano passado, doleiro Lúcio Funaro ganhou direito de deixar a Papuda em dezembro

O Juízo da 10ª Vara Federal do DF constestou as informações prestadas pelo lobista Lúcio Funaro a respeito das câmeras instaladas em seu sítio no interior de São Paulo para monitorar o cumprimento de prisão domiciliar .

No mês passado, o juiz Vallisney de Souza Oliveira havia aceitado sugestão do próprio Lúcio Funaro para que o monitoramento fosse feito por meio de câmeras, já que não havia tornozeleiras eletrônicas disponíveis. O magistrado, no entanto, condicionou a autorização ao envio do mapa de cobertura das câmeras instaladas no imóvel, localizado em Vargem Grande (SP).

A defesa do lobista encaminhou as informações pedidas à Justiça Federal, mas o juiz Ricardo Augusto Soares Leite disse que não foram cumpridas as exigências. "Constato que a imagem utilizada para mapear a distribuição das câmeras não abrange a totalidade da área ocupada pela propriedade onde se encontra cumprindo prisão domiciliar; e que os vídeos contidos no documento não puderam ser visualizados", observou o magistrado em despacho publicado nessa segunda-feira (15).

O juiz também disse haver dificuldades operacionais para o monitoramento diário de Funaro por conta do "reduzido quadro de servidores disponíveis e a inexistência de sala com monitores que operem diuturnamente e em número suficiente".

Foto: Reprodução/Google Earth
Sítio de Lúcio Funaro no interior de São Paulo

O magistrado deu prazo de dez dias para que Funaro apresente um novo mapa de monitoramento "no qual esteja contido toda a área da propriedade, com a indicação do local onde se encontram instaladas as câmeras". Também foi pedido os vídeos das gravações feitas entre os dias 20 e 31 de dezembro, uma vez que os vídeos entregues não puderam ser reproduzidos.

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Funaro e seu sítio

Autor de uma série de acusações que embasaram a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer e outros caciques do MDB, Funaro ganhou o direito à prisão domiciliar por conta dos benefícios previstos em seu acordo de delação premiada.

Na Justiça Federal em Brasília, ele responde a ação penal da Operação Sépsis que apura desvios de fundos de investimentos controlados pela Caixa Econômica Federal. Ele também foi o pivô de processo contra o ex-ministro Geddel Vieira Lima , que é acusado de ter pressionado a esposa do doleiro para tentar evitar que Funaro assinasse acordo de delação. 

O sítio onde Lúcio Funaro cumpre prisão domiciliar conta com um heliponto, grande área verde e até mesmo uma quadra de tênis. Ele chegou a pedir autorização para receber em sua casa um amigo que costumava jogar tênis com ele, mas a pretensão foi vetada pelo juiz Vallisney.

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